Deputados têm memória de elefante quando sentem que a trombada nos eleitores foi forte demais. Na semana passada eles desencavaram em Brasília um projeto que havia 12 anos transitava na Câmara, e num único dia o aprovaram na íntegra. A trombada em questão foi a não cassação do mandato do presidiário Natan Donadon numa sessão em que os votos foram secretos. Veio então à excelente memória dos deputados, na terça-feira 3, a velha proposta de que tudo seja aprovado ou rejeitado em votação aberta. Não deu outra: ela passou de goleada por 452 votos a zero. Vai agora ao Senado na quarta-feira 11 e precisa que 49 senadores lhe digam “sim” para vigorar. O presidente da Casa, Renan Calheiros, costura como pode para que o projeto não passe completamente: tudo certo em votar aberto quando for para decidir cassação de mandato, porque assim pega bem com os “vem pra rua”. Mas o voto para derrubar veto presidencial deve, em sua opinião, continuar secreto. É instinto de autopreservação.