Dilma Rousseff e Alexandre Padilha ganharam pulmões novos. Parecem prontos para uma maratona política depois de quase caírem na UTI. Dilma viveu seu inferno astral com as manifestações de junho. Padilha havia começado mal sua corrida para o governo de São Paulo, com os tropeços iniciais do programa Mais Médicos – especialmente a ampliação em dois anos dos cursos de medicina, sem diálogo com as instituições de ensino.

O que não estava no script era a ajuda que os dois receberiam exatamente daqueles que hoje fazem a maior oposição ao programa que pretende levar atendimento médico aos rincões do País. Nos últimos meses, ninguém fez tanto por Dilma e Padilha como a turma do jaleco branco. A reação selvagem à vinda de doutores estrangeiros, que atingiu seu ponto máximo no corredor polonês armado em Fortaleza contra médicos cubanos, agredidos e chamados de “escravos” numa manifestação que cobriu o Brasil de vergonha, mostrando ao País o que tem de pior, também revelou à população que Dilma e Padilha estão lutando o bom combate. Enfrentam uma reação corporativa, xenófoba e racista, mas estão do lado certo.

No Palácio do Planalto, sondagens internas já mostram uma nítida recuperação da popularidade de Dilma. E o fator qualitativo número 1, nessas mesmas pesquisas, é a coragem para enfrentar a classe médica – ou, na visão dos mais radicais, a “máfia de branco”. Coragem, aliás, foi uma palavra usada até na biografia de Dilma, e que ajudou a pautar sua ação na fase inicial do governo, com episódios como a “faxina” ministerial, a queda dos juros e a redução das tarifas de energia, mas que parecia esquecida nos últimos meses. Agora, com o Mais Médicos, voltou ao dicionário presidencial.

Em relação a Padilha, o sucesso do programa fará com que, pela primeira vez, desde o tucano José Serra, um ministro da Saúde tenha uma marca para mostrar à população. No imaginário, Serra foi o ministro que enfrentou os laboratórios farmacêuticos com os genéricos e a quebra de patentes da Aids. Padilha poderá dizer que foi aquele que levou atendimento médico a quem não tinha, inclusive em São Paulo, nas periferias e nas cidades mais remotas. Nas mãos de João Santana, é um material e tanto, para ninguém botar defeito.
 


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