Quando se apresentou nas areias de Copacabana em fevereiro de 2006, a banda britânica Rolling Stones atraiu um público de mais de um milhão de pessoas. O gigantismo do show não se restringiu à multidão. Na sua lista de exigências, os músicos incluíram quatro carros Mercedes-Benz blindados com motorista bilíngue, 48 garrafas de vinho e 65 aparelhos de videogame. São números de um grupo formado no início dos anos 1960 – quando a preocupação com a longevidade do planeta ainda era incipiente – e que tem como maior sucesso uma música afirmando que não há nada capaz de satisfazê-los. Hoje, os tempos são outros. Na contramão da cultura de excessos, vem crescendo o número de astros do pop dispostos a deixar para as próximas gerações um planeta com, no mínimo, a mesma quantidade de recursos naturais. Dois deles estão de viagem marcada para o Brasil em setembro.

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MÃOS LIMPAS
No camarim de Bruce Springsteen só entram pratos e talheres
feitos de materiais que não agridem o meio ambiente

Bruce Springsteen – que irá se apresentar em São Paulo e no Rio de Janeiro – faz jus ao apelido “The Boss” (“O Chefe”) quando o assunto é sustentabilidade. Ele não admite a entrada de vidro ou plástico em seu camarim. Todos os talheres, copos e pratos devem ser feitos com material biodegradável. Para que os dejetos tenham o destino adequado, exige lixeiras com separação para reciclagem. Essa medida também é adotada pelo cantor e guitarrista John Mayer, a outra estrela que visitará o País. No camarim que será montado para ele na Arena Anhembi, em São Paulo, todo o cardápio será vegetariano. E mais: os alimentos utilizados devem ser orgânicos, ou seja, aqueles produzidos localmente e sem uso de aditivos químicos no cultivo.

Inspirada pelo que vê em casa, a atual companheira de Mayer, a cantora pop inglesa Katy Perry, juntou-se ao grupo dos músicos ecologicamente corretos. Assim como a também cantora Sheryl Crow, ela estipula em contrato que todos os membros de sua equipe recebam garrafas de água reutilizáveis, para serem abastecidas em bebedouros, evitando o uso de centenas de garrafas plásticas. De preferência, ela pede as garrafas da marca Sigg, que são feitas de alumínio – para conservar a temperatura da água e diminuir a necessidade de refrigeração – e não contêm Biosfenol A (ou BPA), uma substância química apontada como cancerígena.

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SEM CARNE
O cantor e compositor John Mayer pede cestos de lixo com separação para
reciclagem e um menu vegetariano montado com produtos orgânicos

Também preocupados em ser verdes da boca para dentro, os integrantes da banda de rock progressivo Rush contrataram um chef para acompanhá-los nas turnês pelo mundo. O profissional tem a missão de usar apenas ingredientes locais, comprados frescos diretamente de fazendeiros, pescadores ou mercados regionais. O objetivo, além de valorizar a produção orgânica e sazonal, é reduzir as emissões de poluentes causadas pelo transporte de alimentos por grandes distâncias. A onda dos camarins verdes vem ganhando tanta força que, nos Estados Unidos, já foi criada uma coalizão de músicos, gravadoras e fãs engajados em espalhar iniciativas sustentáveis na indústria. Batizado de Green Music Group, o projeto incentiva, divulga e ajuda na criação de iniciativas ambientalmente responsáveis.

No Brasil, o grupo Cidade Negra aderiu com entusiasmo ao movimento e foi além. Montou para este ano a primeira turnê sustentável do País. Como seus colegas do Hemisfério Norte, a banda exige camarins com utensílios biodegradáveis e gerenciamento correto do lixo. Mas teve o cuidado de adotar medidas mais originais, como utilizar placas de sinalização feitas de material reciclável e vestir todos os membros da equipe de apoio com camisetas feitas de garrafas PET recicladas. Os fãs se divertem, e o planeta não sofre nada com isso.

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