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FOGO CRUZADO
Oposição ao novo entendimento de igreja proposta
por Francisco vem de religiosos e leigos

"Boa noite.” Foram estas as primeiras palavras ditas pelo argentino Bergoglio quando foi anunciado papa, em 13 de março. Segundo especialistas, tradicionalmente, as primeiras palavras de um pontífice são uma bênção, algo como “A paz de Jesus Cristo!” ou “Jesus Cristo seja louvado!” Não com Francisco, que ao final de sua saudação ainda pediu que os fiéis rezassem por ele. Estava dado o tom de seu pontificado. Nos meses que se seguiram, ficou evidente que o novo líder religioso podia ser a força de renovação que a maioria dos católicos tanto desejava. Quebrando, sucessivamente, os protocolos, ele revelou desprendimento com as formalidades da milenar Igreja Católica e mostrou que, mais do que as tradições, o que vale é o compromisso com o fiel, com a misericórdia, com a pobreza e com o serviço. O boa noite, portanto, para a grande maioria, foi o prenúncio de uma mudança positiva na Igreja. “Mas teve muita gente que achou aquele ‘boa noite’ sinistro”, diz Henrique Sebastião, 46 anos, fundador do blog “A voz da igreja”, de orientação tradicional, que recebe mais de duas mil visitas por dia.

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RESISTÊNCIA
Editor de blog tradicionalista, Henrique Sebastião,
recebe e-mails com críticas ao papa diariamente

Sebastião recebe dezenas de e-mails diariamente de fiéis conservadores descontentes com algumas atitudes (leia quadro) de Francisco. “Temos uma tradição riquíssima, de dois mil anos. Por que deixá-la de lado e fazer pouco dela?”, afirma ele, que garante não ser antipapal. Pelo mundo, páginas mais radicais, como a “Panorama Católico Digital”, da Argentina, se expressam mais claramente e chegam a apresentar textos que afirmam que o pontífice “professa abertamente doutrinas contra a fé e a moral” ou que ele não é o homem certo para o trono petrino por ser “frouxo na doutrina e na liturgia, fraco no combate ao aborto e ao casamento gay e sem experiência curial”. “Ele vem causando preocupação entre os mais tradicionais”, disse Marcelo González, fundador do “Panorama Católico Digital” à ISTOÉ. “Não posso condenar o papa, porque sou fiel, mas o descaso com a tradição afasta o rebanho de verdades teológicas que hoje já vivem ofuscadas pela modernidade”, afirma González, que é leigo. Pequeno, mas barulhento e influente, o grupo de ultraconservadores deve continuar a carga contra Francisco e suas reformas. Se eles serão ouvidos ou não, só o tempo dirá. 

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