Um projeto criado pela organização sem fins lucrativos NXT Health – envolvida no desenvolvimento de ideias para o design da saúde – e em exposição em Nova York, nos Estados Unidos, traz o retrato do que deverá ser o hospital do futuro. Batizado de Patient Room 2020 e apoiado pelo Departamento de Defesa do governo americano, o projeto resume o conceito segundo o qual é preciso garantir conforto ao paciente, é verdade. Mas também assegura que sua saúde seja o foco principal de atenção e que os profissionais tenham as melhores condições para prestar esse cuidado. Aos acompanhantes, reserva espaço para um descanso verdadeiro ou para trabalhar, se assim necessitarem.

Dito dessa forma, parece uma obviedade. Mas nos últimos anos o que pautou a chamada área do design da saúde foi a tendência de privilegiar o bem-estar e a tranquilidade do paciente. Proliferaram mundo afora instituições com detalhes arquitetônicos como grandes janelas, áreas verdes, painéis de madeira e paredes pintadas de lilás ou bege, por exemplo. A tentativa era a de que, por meio de recursos como esses, o paciente pudesse ter a sensação de que estava em casa ou mesmo em um hotel – e não em um hospital. Dessa maneira, tentou-se garantir que ele tivesse um mínimo de conforto emocional no período em que se encontra fragilizado.

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SOLUÇÕES
As portas do banheiro deslizam para facilitar o acesso do paciente e dos cuidadores.
E todo o material usado no quarto não tem ranhuras. Isso evita o acúmulo de bactérias

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No Patient Room 2020 não existe nada disso. “O quarto que criamos representa o que é o cuidado com a saúde. Não tentamos criar um ambiente falso. Um hospital é o que é, mas pode ser menos frio e estéril”, disse David Ruthven, coordenador do projeto. O objetivo se traduz claramente nas formas, nos recursos e nas cores adotados. Em primeiro lugar, há somente o branco. “Reflete saúde”, explicou Ruthven. O material usado é liso, sem ranhuras. Foi escolhido exatamente por essas características, que facilitam sua limpeza e dificultam o acúmulo de germes, já que não tem porosidade alguma.

O conforto do paciente é considerado em vários detalhes. Primeiro, há uma estrutura em volta da cama – chamada de ribbon patient – que concentra vários dispositivos. Por meio dela o indivíduo internado pode controlar as luzes, o som e a temperatura do ambiente, por exemplo. Seus sinais vitais são capturados por outro equipamento também alojado nessa estrutura. “Há uma ênfase em dar mais poder ao paciente e a seus familiares, oferecendo a eles a sensação de conforto e controle durante a estadia médica por meio de uma série de pontos tecnológicos”, disse à ISTOÉ Salley Whitman, uma das fundadoras e diretora executiva da NXT Health. A mesma ribbon patient também beneficia o trabalho do profissional de saúde. Lá está instalada uma estação digital por meio da qual o médico ou a enfermeira podem acessar todos os dados do paciente.

Na entrada do quarto há um nicho pensado para elevar a proteção ao doente. Assim que entra no local, uma luz vermelha acende para lembrar ao profissional de saúde que ele precisa lavar as mãos. A lâmpada só apaga quando a desinfecção está completa. Nesse momento, acende uma lâmpada verde. Outro destaque é o espaço criado para os acompanhantes, composto também por facilidades que permitem a eles usar o computador de forma mais confortável.

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O projeto é resultado de sete anos de pesquisa. O primeiro quarto foi instalado em um hospital da Carolina do Sul. Sua avaliação foi realizada por pesquisadores da Clemson University a partir das considerações de médicos, pacientes e enfermeiros. A exposição do Patient Room já despertou a atenção das instituições hospitalares. “Tivemos cinco grandes hospitais interessados em conhecer nossa proposta”, contou Salley.