Polêmica na moda
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Pedro Lourenço, 22 anos, viveu uma semana sem precedentes. A decisão da ministra da Cultura, Marta Suplicy, de autorizar o estilista a captar R$ 2,8 milhões via Lei Rouanet para promover dois desfiles em Paris, gerou um bombardeio de críticas e polêmicas. Alexandre Herchcovitch e Ronaldo Fraga também tiveram seus projetos aprovados. Herchcovitch poderá captar R$ 2,6 milhões para dois desfiles em Nova York e, Fraga, R$ 2 milhões para dois desfiles em São Paulo, no SP Fashion Week.

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“É preciso qualificar o debate público e sair desse maniqueísmo de mocinhos e bandidos”, diz Pedro. “Eu não me sinto nem herói nem bode expiatório. Sinto-me um criador que tem a oportunidade de fazer do meu trabalho uma possibilidade de o País refletir sua imagem através da moda.” Ronaldo Fraga já esperava a repercussão negativa: “Nossa cultura de moda no Brasil é muito frágil. Não existe entendimento. Acham que moda são as modelos tops que recebem cachês altíssimos e apararecem requebrando na passarela com roupas de oncinha e música eletrônica”. Herchcovitch atribuiu a reação feroz às liberações dos benefícios ao preconceito com a moda.

Agora, os primeiros contemplados do mundo da moda a usar a Lei Rouanet irão em busca de empresas patrocinadoras (beneficiadas com a renúncia fiscal). “Estou aberto a propostas”, avisa Pedro Lourenço. Ele não crê em dificuldades depois de tanta polêmica. “As empresas do setor de moda sabem a importância dessa conquista”, diz. “Pessoas se sentem ameaçadas com a entrada da moda na Lei Roaunet. Estamos aumentando o recurso que a cultura brasileira recebe de investimentos nas parcerias público-privadas. Parabenizo Marta Suplicy.”

Leia abaixo a íntegra da entrevista com Pedro Lourenço:

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Istoé – Você esperava toda esta repercussão da notícia sobre a aprovação da lei?
Pedro Lourenço – Não esperava esta polêmica, porém tento enxergar tudo por um lado positivo. Acho maravilhoso que as pessoas estejam neste momento parando para pensar na Moda, um setor tão importante para a economia do País, que gera tantos empregos, e que tem sofrido muito nos últimos anos. Este debate já representa um avanço. É importante que as pessoas acompanhem a execução do projeto para que haja o máximo de transparência, uma vez que esta é uma medida para gerar modelos de internacionalização da cultura brasileira. Gostaria de parabenizar a Ministra Marta Suplicy pela iniciativa que espero ser o início de uma nova fase para a indústria criativa da moda do Brasil.

Você acha que esta medida realmente beneficia a cadeia de moda brasileira?
Acredito que a maior importância é o reconhecimento da moda em seus valores criativos e autorais. O reconhecimento da moda enquanto expressão contemporânea de uma cultura e o retrato de uma época que, apesar do efêmero momento do desfile, estabelece a história de um povo e de uma nação. Um desfile de moda é um laboratório, um legar de experimentação conceitual onde se desenvolvem técnicas e conceitos para transformar a maneira como as pessoas se expressam através de seu corpo e tudo que o envolve, tomando como referência um de seus principais hábitos humanos: o vestir-se.  Gosto muito do conceito "Soft Power", criado por Joseph Nye, professor da Harvard, usado pela ministra para definir este projeto. Temos que desenvolver estratégias consistentes para nos posicionarmos no ambiente mundial. Temos que ser reconhecidos pelos nossos valores de uma forma complexa, não podemos aparecer sempre vinculados a uma única imagem e a moda é um fator decisivo para isso. Podemos ver isso no Japão, por exemplo, que desde os anos 80 ocupa um lugar cultural no mundo através de seu design.

Você acha que virou bode expiatório desta repercussão? Ficou triste com os comentários?

Estou satisfeito porque representa o primeiro ato concreto do Ministério da Cultura para a internacionalização da moda brasileira. Em outros países este setor cultural já é bem mais desenvolvido, mas no Brasil ainda tem um longo caminho pela frente.
É preciso qualificar o debate público e sair deste maniqueísmo de mocinhos e bandidos. Eu não me sinto herói, nem bode expiatório. Me sinto um criador que tem a oportunidade de fazer do seu trabalho a possibilidade de um país refletir a sua imagem através da moda no mundo contemporâneo

Já tem acerto com algum patrocinador? Qual é esta empresa?
Não. A aprovação do projeto no Diário Oficial foi hoje e agora estou aberto a propostas.

Você acha que depois desta polêmica terá dificuldade de aprovar seu projeto com alguma possível empresa patrocinadora?
Acredito que não. As empresas do setor de moda sabem a importância desta conquista. Existe uma nova leva de recursos que virão para completar os investimentos na cultura brasileira. Agora os empresários do setor têxtil, por exemplo, terão a oportunidade de investir na cultura brasileira. Muitas pessoas se sentem ameaças com a entrada da Moda na Lei Roaunet, mas na verdade estamos aumentando o recurso que a cultura brasileira recebe de investimentos nas parcerias público privada. Isto beneficiará todos os profissionais da cultura.

Alexandre Herchcovitch e Ronaldo Fraga também se beneficiaram, para desfiles em Nova York e São Paulo. Como você acha que será a repercussão com eles?
Espero que sejam positivas. Admiro muito o trabalho de ambos e tenho certeza que o projeto deles tem consistência.

O que achou de sete membros da comissão terem negado e outros sete deixado de votar?
Acho natural, já que é uma área nova no Ministério da Cultura e não existe na CNIC membros com formação em moda e com uma ampla visão do setor.

Você participou da elaboração total do projeto? Tem conhecimento dos custos?
Sim.  A partir do momento que você quer ter um padrão alto de qualidade para se comunicar e estar ao lado dos criadores mais importantes do mundo, é necessário um investimento correspondente. Para contar com os melhores profissionais criativos e ter o apoio dos técnicos mais importantes da indústria, você tem que ter um alto nível de excelência e só assim estará preparado para gerar um resultado mais preciso possível. O Brasil precisa ser visto por trabalhar com os melhores profissionais do mundo.  Não podemos fazer as coisas de forma precária e do jeito que dá. Isso só nos prejudica. Temos que entender que nesses momentos de visibilidade, os olhares que se voltam para minha criação estão também voltados para o nosso País e temos que juntar esforços para mostrar o que temos de melhor. Economizar e reduzir as nossas condições ao mínimo, justo nesse momento, é desperdiçar oportunidades únicas. É importante lembrar que a maior parte será pago em moeda local: euro. Ou seja, o projeto no mínimo já começa três vezes mais caro do que seria no Brasil.

Você acha que a moda, como cultura, pode ser admitida como beneficiária da lei que garante incentivos fiscais aos apoiadores dos projetos realmente? Ou seja, desfiles de moda poderão ser subsidiados com o dinheiro público?

 A Lei esta abrindo a oportunidade de incentivos e investimentos em criações de moda. Espero que futuramente no Ministério, haja critérios para julgar o que é apropriado ou não. É preciso debater com as comunidades culturais quais são estes critérios. É natural que aconteça com a experiência dos projetos.


 

Como você acha que isso será recebido pelas empresas de moda? Incentiva o mercado?

O incentivo está sendo direcionado à criação. Se a imagem do Brasil no exterior fizer com que o mundo consuma mais produtos brasileiros, todos nós ganhamos com isso. O valor agregado ao produto de moda, design e arte, gera uma economia inovadora e faz com que o Brasil consiga superar a sua dependência das commodities como o petróleo e a soja. Isto significa o Brasil exportar sua economia criativa e ser um País muito mais desenvolvido. Para isto precisamos também de incentivos industriais. Meu grande sonho é ver o Brasil competir de igual para igual com mundo na indústria da moda, e que no futuro, importarmos menos moda e valorizarmos as criações brasileiras.

Acha que o momento do Brasil, com tantas manifestações nestes últimos meses, brigando inclusive por centavos, cria um desconforto e ajuda a polemizar a aprovação de um projeto de milhões?Você participou de alguma manifestação?
Eu apoio as manifestações que o País vive neste momento. Sou da mesma geração das pessoas que estão indo às ruas e que pedem mais democracia, liberdade, transparência e que lutam contra a corrupção e contra o conservadorismo político do país. Eu acredito no futuro do País. Em um Brasil mais justo e mais honesto.


Leia ainda a íntegra da entrevista com Ronaldo Fraga:

Istoé – O que significa para você essa liberação da captação de verba para a moda pela Lei Rouanet?
Ronaldo Fraga – O que é importante localizar é que já estou há uns quatro anos nessa luta para a moda ser aceita como um vetor cultural, assim como já é em outros países. Na verdade, não tem nada mais natural do que isso. O que me deixa muito assustado, é porque na verdade, isso já deveria ter acontecido. Se a gente olhar a história da moda, será que os japoneses, por exemplo, sairiam em grupos para Paris, quando o governo os apoiou no começo dos anos 80? É importante que a partir de agora isso se abra a outros estilistas da nova geração porque a moda é mais do que roupa. Faz tempo, aliás, que quer se libertar da roupa. A minha exposição do Rio São Francisco já tinha sido contemplada pela lei e rodou o Brasil. É considerada o projeto número zero da moda como vetor cultural. Antes, ela foi negada duas vezes, aí tive que ignorar a palavra estilista, trocar por artista e assim, o projeto passou. Estava apto a captar R$ 1,8 milhão, mas consegui R$ 1,2 milhão.O que quero dizer é que essa captação é só 30% do caminho andado. Agora tem mais 70% porque é muito diferente estar apto e efetivar essa captação. O valor é R$ 2 milhões para dois desfiles e duas exposições.  

Para defender a aprovação perante os vetos, a ministra Marta Suplicy argumentou sobre a importância da exposição do Brasil lá fora? Mas o seu desfile é só no Brasil…
Sobre as captações do Pedro e do Alexandre, o que me parece, o que eu vi na imprensa, é que a coisa pegou para a liberação dos dois e por isso a Marta saiu na defesa com o argumento de levar a moda brasileira para fora. Mas o meu trabalho é diferente. O caminho já está trilhado há muito tempo. Muitos amigos meus desistiram, mas eu não desisti porque sou otimista só de raiva. Mas como eu disse, uma coisa é estar apto, outra diferente é conseguir captar.

O que tem a dizer sobre a atitude de Marta?
Achei Marta corajosa em bancar essa situação espinhenta em uma época em que nossa economia criativa anda em círculos e que vivemos essa dualidade na moda, onde nunca se consumiu tanta roupa no Brasil, mas ao mesmo tempo, o mercado de moda nunca esteve tão ruim porque somos esmagados com essa concorrência desigual das marcas estrangeiras.  

Mas você esperava essa repercussão tão negativa? 
Eu já esperava porque a nossa cultura de moda no Brasil é muito frágil. As pessoas não sabem exatamente como tudo funciona e tudo é muito novo. E como tudo que é muito novo, num país democrático, tem esse tipo de repercussão. No Brasil, ainda não se tem entendimento de moda. Acham que a moda são as modelos tops que recebem cachês altíssimos e aparecem requebrando na passarela com roupas de oncinha e música eletrônica gritando.   

No quarto filho!

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Ela já foi chamada de “O Corpo”, por suas medidas perfeitas. Hoje, Michelle Alves está focada em aumentar a barriga – e a prole. Aos 36 anos e grávida do quarto filho, a top diz que finalmente realizou um sonho: “Eu sempre quis ter quatro filhos. Fiz esse plano aos 18”, conta. O plano foi realizado com o marido, o empresário de Madonna, Guy Oseary. “Decidi que deixaria de trabalhar. Sei que não são todas as mulheres que têm essa opção”, diz. A julgar pelas demais gestações, seu parto será normal e sem anestesia. “Meus três filhos nasceram assim. E o último nasceu em casa.” Michelle curtiu férias em Nice, na França, com o marido, e deu um rasante em São Paulo antes de retornar para casa, em Los Angeles, onde seus pais estão cuidando de Oliver, 6 anos, Mia, 3, e Levy, 1 ano e meio. “Vim ao Brasil para duas aulas de filosofia de um curso que faço em Nova York e tratar de um projeto de trabalho para 2014. Tenho que preparar antes, né?” O efeito sanfona de quatro gravidezes seguidas não assusta Michelle. “Sempre fui magra, mas tem que malhar. A pergunta é como você era antes de engravidar. Imagine que, depois de o bebê nascer, você vai ficar um pouquinho pior.”


Separada de Eike Batista? “Estou bem, ao lado dos homens da minha vida”

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A advogada Flávia Sampaio, que há dois meses deu à luz o caçula de Eike Batista, ganhou mais de mil curtidas em seu Instagram ao postar esta foto sua, saradíssima, malhando ao lado do carrinho do bebê na casa do empresário, na Gávea. Mas o que amigos do casal comentam no Rio de Janeiro é que, entre crises e crises, o namoro chegou ao fim. O empresário teria acabado de dar a Flávia um apartamento em Ipanema e ela já teria pedido a execução do contrato pré-nupcial, assinado no início do namoro, há dez anos. O acordo previa R$ 1 milhão em caso de rompimento, mas hoje ela quer R$ 2 milhões. Flávia nega a separação: “Não é a primeira vez que dizem que estou separada do Eike”, diz. “O futuro a Deus pertence, não sei o que vai acontecer, mas no momento estou muito bem, ao lado dos homens da minha vida. Cuido deles e ele (Eike) cuida de nós.” A advogada diz que ainda está na casa de Eike na Gávea desde o nascimento do filho do casal, Balder. Mas pretende voltar logo para seu apartamento no Leblon. O casal nunca viveu junto.

Ele só pensa na Olimpíada

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Na terça-feira 20, três horas antes de começar a receber seus convidados no tapete vermelho cuidadosamente instalado no Píer 59, em Nova York, para comemorar os 270 anos da Moët Chandon, Roger Federer falou com exclusividade à IstoÉ. O tenista, que recebera no início da semana a notícia de que cairá para a sétima posição no ranking mundial – sua pior colocação nos últimos anos –, afirmou que priorizará os treinos pensando na Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro:

ISTOÉ – O que pensa da Olimpíada no Rio de Janeiro?
Federer –
Quero muito estar presente na Olimpíada do Rio. Esses jogos me motivam e significam muito para mim. Em 2000 conheci Mirka, minha mulher, em Sidney.  A olimpíada do Rio de Janeiro será a minha quinta e por isso estou escolhendo bem em que torneios participar ou não, para que eu possa chegar a 2016 em boa forma.

ISTOÉ – Qual é o limite que separa o tenista da celebridade? Tantos eventos não atrapalham o atleta?
Federer –
Me divirto com os eventos que promovo, com o mundo da moda. Mas sou um homem do tênis, quando disputo alguma coisa só penso no tênis. Gosto mesmo, quando as coisas se cruzam, como fazer fotos vem quadras de tênis. Há muita conexão entre esses dois mundos, e gosto disso.

ISTOÉ – Se considera o melhor de todos os tempos?
Federer –
Não, mas estou entre os cinco e isso me basta.

Balas
Aos 61 anos, Michael Klein, dono da Casas Bahia, vai ser pai novamente. Sua mulher, Maria Alice, 44 anos, está grávida de sete meses de gêmeos. Klein é pai de Natalie e Raphael, do casamento com Jeanete Roizman.

A ONG Oficina na Piscina, projeto do jogador de polo aquático Erik Seegerer, que estimula criançase adolescentes com esportes aquáticos, promove, na terça-feira 27, em São Paulo, um leilão de artes beneficiente. 


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