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O desfile da coleção outono-inverno 2014 da grife britânica Burberry, em Londres, provocou alvoroço ao exibir o plástico PVC, também conhecido como vinil, no lugar do tradicional gabardine nos lendários trench coats da marca. A grife, que já vinha namorando o material ao usá-lo anteriormente em seus acessórios, resolveu aplicá-lo também nas suas roupas – na confecção de saias, casacos e outras peças de alfaiataria do guarda-roupa masculino e feminino. Assim como ela, outras grifes como Chanel, Valentino e Christian Louboutin apostaram no plástico como elemento central de suas coleções. E o material não apenas se confirma como tendência absoluta de moda, como também deixa o status de produto barato para se transformar em matéria-prima sofisticada e preciosa para a indústria do luxo. “O termo plástico era pejorativo até alguns anos atrás, sinônimo de baixa qualidade”, afirma Sidney Rufca, coordenador do curso de design de produto do Centro Universitário Belas Artes, em São Paulo. “Hoje temos vários tecidos plásticos de alta tecnologia e excelente acabamento.”

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Costuma-se chamar de tecido plástico, na verdade, o grupo dos polímeros que compõem as fibras termoplásticas, como o poliéster, a poliamida, o polipropileno e a polivinílica. Cada um deles possui características químicas individuais, que devem ser levadas em conta para a fabricação do produto final. Algumas fibras, por exemplo, são mais flexíveis, ideais para um casaco que precisa ser confortável e ter bom caimento, enquanto outras são mais resistentes, boas opções para bolsas estruturadas. “O plástico é um excelente investimento, por ser extremamente moldável, o que confere uma flexibilidade infinita de criações”, diz Taís Remunhão, professora do departamento de moda da Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo. Para se ter uma ideia, o poliéster é hoje a matéria-prima mais fabricada no mundo e a indústria do luxo teve de se apoderar dele porque seus antigos materiais nobres, como a seda, são cada vez mais escassos e caros. “As cores mais vivas e o brilho dos materiais sintéticos são muito atraentes”, afirma Taís. Além de ser uma alternativa mais duradoura e que agrada esteticamente, os tecidos plásticos são mais sustentáveis. O poliéster, por exemplo, é a fibra mais ecológica que existe, pois é o material presente nas garrafas Pet, altamente recicláveis. Mas isso não quer dizer que os produtos, como os exibidos nestas páginas, sejam baratos. Tratando-se de grifes de luxo, plástico vira ouro.

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Fotos: Andrea Klarin; Olivier Saillant; PATRICK KOVARIK/AFP

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