Assista ao trailer:

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Monstros submarinos maiores que arranha-céus, com pegadas que lançam carros às alturas e braçadas que destroem prédios, pontes e tudo que veem pela frente. A geração que atualmente lota os cinemas em filmes de super-heróis certamente nunca se encolheu nas poltronas assistindo à fúria dessas criaturas gigantescas que fizeram sucesso no passado. Mas agora poderá experimentar o mesmo medo infantil em “Círculo de Fogo” (cartaz na sexta-feira 9), homenagem do cineasta mexicano Guillermo Del Toro aos clássicos filmes japoneses de Godzilla. Projeto antigo do diretor, o arrasa-quarteirão de US$ 190 milhões vem agora à luz por dois motivos. O primeiro é que o monstrengo semelhante a um dinossauro (que, aliás, deu nome a dois fósseis desses seres pré-históricos) completa 60 anos em 2014 – nesse caso, a produção abocanha o filão antes de ele ser oferecido como iguaria. Pesou também na aprovação dos estúdios o fato de o longa de Del Toro ser um filme que soma alguns elementos de recente sucesso nas telas, a saber: a interação entre robôs e humanos, o uso de armaduras de ferro, seres anfíbios e extraterrestres e, claro, o gigantismo da escala de todos eles.

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TRANSFORMERS NO MAR
Os robôs gigantes (acima) são digitais, mas o seu
interior é real e exigiu acrobacias dos atores

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Para atrair o público aos cinemas nos dias de hoje, as superproduções precisam pensar grande e exibir dimensões em igual medida. Em “O Homem de Aço”, nova aventura do Super-Homem, o protagonista não levanta um carro: sustenta nos ombros uma imensa plataforma petrolífera. Da mesma forma, em “Wolverine Imortal”, o mutante não participa de um pega de carros banal. Ele surfa no teto de um trem-bala numa alucinante luta com um bandido que dura mais de cinco minutos. Para oferecer a mesma sensação de montanha-russa, Del Toro concebeu uma guerra apocalíptica entre os nojentos Kaiju (as colossais criaturas marinhas) e os imensos robôs tripulados por humanos denominados Jaeger.
A ação se passa em cidades como Tóquio e Hong Kong, mantendo, assim, o espírito dos chamados “daikaju eiga”, filmes de monstros, e dos anime de mecha (robôs tripulados), uma tradição tão japonesa como o faroeste para os EUA.

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Ao abrir mão de dirigir a trilogia “O Hobbit” e criar uma história envolvendo máquinas gigantes, Del Toro foi acusado de aproveitar a onda de “Transformers”, cujos quatro episódios já faturaram US$ 2,7 bilhões. Pesa a seu favor o fato de a trama de “Círculo de Fogo” ser mais imaginativa. Para manipular as geringonças enferrujadas, são precisos dois pilotos versados em artes marciais, pois eles controlam os seus comandos como se jogassem um videogame cujo console casa perfeitamente com o movimento da máquina. Precisam também estar com os cérebros em simbiose num processo chamado de “neuroconexão”. Ou seja, a dupla funciona à perfeição quando está amando e esse detalhe afasta o lado sentimental da afeição demonstrada entre os protagonistas Raleigh Becket (Charlie Hunnan) e Mako Mori (Rinko Kikuchi), selecionados para comandarem o robô Gipsy Danger. Segundo Del Toro, seu design é inspirado nos prédios Empire State e Chrysler, de Nova York, e no gestual de John Wayne, o que mostra o humor do projeto. “Gosto de trabalhar com seriedade em gêneros que as pessoas acham babacas”, disse ele.

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Mais do que o enredo, o que seduz no filme é o incrível visual que exigiu sacrifício de atores e artistas de efeitos especiais. Os lutadores, por exemplo, usaram uma armadura que mesmo feita de plástico mais leve pesava 15 quilos. O cockpit dos robôs envolveu outro desafio: foi montado numa plataforma hidráulica pesando 20 toneladas, definida como “máquina elíptica do inferno”. Afora isso, tinha os banhos com 100 galões de água a cada sequência, já que chove sem parar no futuro não muito distante do filme, passado em 2020.

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Fotos: Divulgação