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TEMPO: Ele anunciou que se afastará do esporte para tentar salvar seu casamento

Desde que se viu obrigado a admitir que era um marido infiel, há três semanas, a vida do golfista americano Tiger Woods, um dos atletas mais festejados e rentáveis do esporte em todos os tempos, virou de cabeça para baixo. Até então, ele era conhecido pela discrição e pelo perfil de bom moço – é casado com a ex-modelo sueca Elin Nordegren e pai de duas crianças pequenas, uma menina de dois anos e um menino de dez meses. Ninguém desconfiava que por trás dessa imagem muito bem construída se escondia um grande sedutor. Mais do que a traição em si, surpreendeu o histórico de puladas de cerca. Surgiram pelo menos nove amantes do golfista. Com uma delas, ele teria se relacionado durante dois anos e meio.

O silêncio das moças seria comprado com um mensalão de cerca de US$ 10 mil. Uma cafetina também apareceu afirmando ter apresentado dúzias de prostitutas ao esportista, que adorava orgias e dispensava preservativos. Chegaram a acusá-lo de racista, por se envolver apenas com mulheres brancas, semelhantes à boneca Barbie (beleza que corresponde à da esposa traída). Quanto esse capítulo erótico pode manchar a trajetória de Woods? Aos 33 anos, ele é o primeiro atleta da história a juntar US$ 1 bilhão na carreira, segundo a revista “Forbes”, que divulgou em outubro a lista dos esportistas mais ricos do mundo. Além disso, nunca os torneios de golfe tiveram um astro cuja imagem vale ouro e é tão facilmente reconhecida pelo público em centenas de países. Na puritana sociedade americana, porém, isso não impediu que alguns patrocinadores abandonassem o barco (leia quadro), receosos com o impacto do escândalo e com o afastamento temporário do esporte que Woods anunciou na sexta-feira 11. A escolha de deixar por ora os campos seria uma tentativa de ficar mais perto da família e, quem sabe, salvar seu casamento.

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A primeira a anunciar o rompimento do contrato foi a empresa de consultoria Accenture. Pertencente à multinacional Procter & Gamble, a Gillette avisou que limitará o patrocínio de US$ 20 milhões. A Gatorade, marca de isotônico da Pepsi, não fabricará mais a linha “Tiger Focus”, que renderia ao atleta US$ 100 milhões por cinco anos. Os canais de esporte das emissoras de tevê se mostram apreensivos com a ausência de Woods nos torneios, temendo uma queda de audiência. Mas os patrocinadores fiéis acreditam ganhar mais mantendo os acordos publicitários com o atleta. A Nike foi a única empresa a apoiar totalmente Woods nesse momento complicado, informando ainda que dará segmento à fabricação de roupas e tênis com a assinatura dele – responsável por uma renda de US$ 600 milhões ao ano. A marca de relógios suíça  Tag Heuer foi outra a garantir que nada muda na parceria. Para os especialistas, aqueles que optaram por estar ao lado do esportista tomaram a melhor decisão. Simplesmente porque o nome Tiger Woods já é maior do que o próprio golfe. “A questão é transitória e será superada”, acredita Marco Aurélio Klein, professor de marketing esportivo da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Ele está no auge.

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COFRE Se houver divórcio, ele terá de pagar US$ 100 milhões a Elin

Sua técnica é extraordinária. Nem público nem patrocinadores vão querer perder isso”, diz ele. No Brasil, o caso do jogador de futebol Ronaldo que foi a um motel com travestis é um exemplo de como uma escorregada pode ser esquecida e nem doer no bolso. A situação parece descontrolada agora, mas é difícil acreditar que a carreira de Woods acabará. Quando o escândalo tomou grandes proporções, o golfista planejou mais uma jogada inteligente. Ele se redimiu ao afirmar que deixava por período indeterminado a carreira para ser “um melhor marido, pai e pessoa”. E os americanos adoram esse tipo de postura. Foi de maneira parecida que o ex-presidente do Estados Unidos Bill Clinton conseguiu o perdão do povo ao admitir o romance com uma estagiária e demonstrar arrependimento. “Woods foi genial ao lidar com o problema de uma maneira que preserva o ídolo que ele é”, diz Claudinei Santos, coordenador do núcleo de estudos em negócios do esporte da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Talvez escancarar a culpa seja mesmo a melhor saída.

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Outros atletas em situação semelhante, porém, não tiveram a absolvição popular. O jogador de basquete Kobe Bryant, astro do Los Angeles Lakers, foi um deles. Acusado de estupro em 2003, acabou admitindo que havia feito sexo com a moça de 19 anos. Como era casado, a imagem de Bryant sofreu um abalo considerável. Ele perdeu contratos com a marca de creme de avelã Nutella e a rede McDonald’s. Se o casamento com Elin terminar, Woods terá de desembolsar US$ 100 milhões, valor a que ela terá direito em caso de divórcio. Na terça-feira 15, ela começou a mudança da casa em que vivia com Woods na Flórida, já sem a aliança no dedo. Enquanto a poeira não baixar, o que se saberá sobre o maior golfista do mundo não é quantos pontos ele marcou com mais uma tacada de mestre. Mas, sim, detalhes picantes, como sua preferência por loiras que usam lingeries vermelhas.

 

fotos: Robert Beck/Sports Illustrated/Getty Images; Jill Ann Spaulding/Fi lmMagi c;
Jean Baptiste Lacroix/Wir eImage; Peter Kr amer/AP Photo/NBC ; kim ludbrook/epa/corbis