Acostumado a sentir a adrenalina de disputar uma final de Copa do Mundo ou dos Jogos Olímpicos, por exemplo, um time de atletas campeões, como o tenista Rafael Nadal, o ex-jogador Ronaldo, os astros do vôlei Murilo, Rodrigão e Giovane, o nadador Fernando Scherer, o Xuxa, o piloto de stock car Thiago Camilo e a saltadora Maurren Maggi, vem provando dessa mesma euforia ao se aventurar pelas mesas de pôquer. “O jogo é mais um desafio que me empolga. Tenho que ler o jogo, os adversários e escolher o melhor caminho para vencer”, diz Ronaldo. Além de fã do esporte, ele é o novo embaixador do PokerStars, o maior site de pôquer online do mundo (www.pokerstars.com/br). A lista dos adeptos inclui nomes como os dos estilistas Sérgio K e Ricardo Almeida, a empresária Lucilia Diniz, o apresentador Otávio Mesquita e o arquiteto João Armentano.

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ASTROS
Ronaldo e Nadal estão engajados em divulgar o pôquer

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Assim como eles, milhões de brasileiros estão descobrindo o prazer – e a possibilidade de ganhar dinheiro – com as cartas. Tanto que o Brasil hoje figura como o oitavo país onde a presença do esporte é mais representativa, graças aos quase cinco milhões de jogadores, segundo a Confederação Brasileira de Texas Hold’em, a modalidade mais popular do jogo. “É um crescimento impressionante se pensarmos que em 2005, quando se tem notícia dos primeiros grupos de pôquer no País, havia cerca de 200 jogadores”, explica Igor Federal, presidente da entidade. “Só a última etapa do campeonato brasileiro, no ano passado, contou com mais de 1,6 mil inscritos e arrecadou cerca de R$ 2,4 milhões em prêmios”, conta. Batizado de Brazilian Series of Poker, a competição já reuniu mais de 22 mil jogadores desde o seu início. O Brasil também consta do calendário do glamoroso LAPT – Latin American Poker Tour.

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O pôquer é considerado o jogo de cartas mais popular do mundo e a modalidade Texas Hold’em nasceu em 1931, nos Estados Unidos. Aos poucos, o esporte foi conquistando cada vez mais adeptos, especialmente com a notícia de que Chris Moneymaker, um contador americano de 27 anos que tinha se inscrito por míseros US$ 39 no World Series of Poker de 2003, o equivalente à Copa do Mundo do Pôquer, havia contrariado todos os prognósticos: deixou mais de 800 competidores para trás, saindo vencedor do evento, com US$ 2,5 milhões no bolso. O boom aconteceu de vez quando as partidas passaram a ser transmitidas pela televisão, em 2006. No Brasil, por muito tempo o pôquer foi malvisto, tratado como jogo de azar. O estigma caiu em 2010, quando foi reconhecido como esporte mental, assim como o xadrez e a dama, pela Federação Internacional dos Esportes da Mente. Hoje integra o Calendário Esportivo Nacional do Ministério do Esporte. “O jogo estimula o raciocínio porque exige concentração, cálculo de probabilidades e leitura de comportamento”, defende Igor Federal. Em 2011, a revista americana “Forbes”, especializada em economia, estampou um artigo intitulado “Por que o pôquer é melhor do que uma faculdade de negócios”. Em linhas gerais, o texto comprovava que o jogo estimula as mesmas habilidades intelectuais fundamentais para o sucesso nos negócios.

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DEDICAÇÃO
Já no nível profissional, Akkari chega a jogar 12 horas em um dia.
Durante as partidas, é preciso concentração máxima

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A concentração exigida durante as partidas é tamanha que há quem se beneficie dela indiretamente, usando esse estado mental para relaxar. “Há pessoas que esquecem dos negócios enquanto malham, fazem terapia, na hora do sexo ou na mesa de bar”, diz o estilista Sérgio K. “Eu só esqueço da vida em uma mesa de pôquer.”

O dinheiro também é um grande atrativo do esporte. Mesmo que apenas 5% dos jogadores online brasileiros sejam considerados profissionais ou semiprofissionais, esse seleto grupo é muito bem remunerado. Há oito anos, o publicitário André Akkari tinha uma empresa de tecnologia e foi chamado para programar um site de pôquer. Apaixonou-se pela modalidade. Passou a estudar e fez amizade com jogadores. Quando viu que poderia levar jeito, aproveitou as horas livres para treinar e estudar técnicas de campeões. Com dinheiro contado, no ano seguinte foi para Las Vegas (Eua) e venceu uma competição. Empolgou-se e venceu outra, desembolsando maior quantia.
Quando se deu conta de que poderia ser profissional, largou o emprego e passou a se dedicar exclusivamente ao esporte. Em 2011, veio o maior reconhecimento. Foi campeão de um dos torneios da Série Mundial de Pôquer, a WSOP, tornando-se um dos dois brasileiros na história que conseguiu o feito (o outro é Alexandre Gomes, de Curitiba, campeão em 2008). Faturou US$ 700 mil. “Para chegar ao nível profissional é preciso uma dedicação exclusiva ao jogo”, conta Akkari, patrocinado pelo PokerStars. “Li mais de 30 livros, assisti a centenas de videoaulas na internet e, de duas a três vezes por semana, chego a jogar quase 12 horas por dia. É um estudo constante.” Além disso, a rotina do campeão, de 38 anos, inclui a participação em um grande evento ao menos uma vez por mês, além de ministrar palestras e cuidar da escola de pôquer que abriu na cidade de Cabreúva, interior de São Paulo, o QG do Akkari.

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De fato, é preciso dedicação – e preparação – para chegar nesse nível. “Antes de decidir viver do pôquer, fiz uma análise dos meus gráficos de desempenho”, conta Caio Pessagno, considerado hoje o melhor jogador online do mundo pelo ranking do PokerStars. “Além de estudar muito o jogo, é preciso saber suas reações emocionais nas partidas, ter disciplina e experiência.”

O jogo ganha tanto espaço no Brasil que já substitui opções mais populares, como truco e buraco. A ideia de que o pôquer é um esporte para homens também vem sendo superada. Muitas mulheres estão se arriscando com as cartas, ocupando espaço nas mesas. É o caso de Larissa Metran, 25 anos. Ela começou a jogar aos 18 anos e hoje ganha a vida jogando online. Já chegou a ganhar mais de US$ 22 mil em um torneio. “O ambiente do pôquer ainda é um pouco machista, mas está mudando”, diz ela.

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