Nos anos 1960, Robert Irwin participou do grupo Light and Space, ao lado de James Turrell, Lary Bell e Doug Wheeler, em Los Angeles, compartilhando com esses artistas um interesse pela demarcação da luz no espaço natural e arquitetônico, a fim de provocar a percepção do espectador. A instalação “Scrim veil – Black rectangle – Natural light, Whitney Museum of American Art, New York (1977)” foi criada em 1977, por Irwin, especialmente para ocupar o quarto andar do prédio projetado por Marcel Breuer na Madison Avenue com a rua 75. Desde então, o trabalho nunca havia voltado a ser instalado. Sua remontagem é uma feliz coincidência para o público nova-iorquino reencontrar dois artistas californianos que estão entre os mais importantes de sua geração, ocupando dois espaços emblemáticos de Nova York: Turrell no Guggenheim e Irwin no Whitney.

chamada-roteiros.jpg

A instalação de Irwin no Whitney é composta por três elementos espaciais básicos, com os quais o artista interage para criar sua obra: a grelha do teto, o retângulo do chão de pedra escura e a grande janela de formato trapezoidal, que provê a única fonte de luz da instalação. Ao longo de todo o comprimento da galeria, Irwin suspendeu do teto uma grande faixa de tecido transparente, segurando uma barra de metal na altura dos olhos do espectador, que coincide com quatro linhas negras pintadas nas paredes da sala. Com um mínimo de elementos e um máximo de precisão, a obra cria no espectador a sensação de dois retângulos flutuando no ar.

Robert Irwin, hoje com 84 anos, começou sua carreira no final dos anos 1950, fazendo pintura abstrata, mas logo deixou a tinta para utilizar a tela não mais como suporte de tinta, mas como elemento espacial para criar luz, sombras, reflexões e transparências. Assim como Turrell, Irwin é um artista que tem a matemática, a engenharia e a psicologia da percepção como objetos de trabalho. Esta é a última oportunidade para presenciar “Scrim veil – Black rectangle – Natural light”, já que em 2015 o Whitney muda-se da Madison Avenue para um novo edifício que está sendo construído em Chelsea. A reedição do trabalho, 36 anos depois de sua montagem original, abre os rituais de despedida que a curadora chefe do museu, Donna De Salvo, prepara para o próximo ano.