Intervenção aloprada contra Evo

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Indignada com o pouso forçado de Evo Morales na Áustria, Dilma Rousseff define o caso como um “ato de neocolonialismo”. Diplomatas experientes apontam para um aspecto aloprado na intervenção de quatro governos europeus – Espanha, Alemanha, França e Itália – contra o presidente boliviano. Para saber se Snowden se encontrava, ou não, a bordo do avião de Morales, como se suspeitava, bastaria dar um telefonema para Moscou e descobrir que ele permanecia em terra firme da Rússia, ideia prudente que teria evitado um escândalo dentro do escândalo provocado pela revelação de Snowden sobre as operações de superespionagem dos EUA mundo afora.

Snowden não teria asilo
A oferta venezuelana de asilo para Edward Snowden tranquilizou o Itamaraty. Depois da guerra enfrentada com o governo italiano por causa de Cesare Battisti, Brasília não quer repetir a experiência com um adversário muito mais poderoso. Haveria, inclusive, um agravante legal. Brasil e EUA têm tratado de extradição, brecha que tornaria mais difícil manter Snowden no País.

Dispensa de serviço
O taifeiro Jorge Luiz da Cruz Silva foi dispensado pela Secretaria-Geral da Presidência, onde atuava por longa temporada. A decisão foi tomada depois que ISTOÉ revelou que o terceiro-sargento teve aumento de patrimônio incompatível com sua renda mensal, de R$ 4 mil.

A caminho dos grotões
Começa na quarta-feira 17 uma ação inédita para a busca das famílias em situação de extrema pobreza que estão fora dos programas sociais. Equipes do governo federal irão percorrer de barcos e lanchas 27 municípios nos grotões do Pará. A meta é localizar 30 mil famílias.

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Viagem depende dos EUA
A denúncia de Edward Snowden pode – ou não – prejudicar a aguardada viagem de Estado de Dilma Rousseff a Washington. Tudo depende da resposta do governo americano diante do caso. Se concluir que pode se desgastar, inclusive na eleição, exibindo gentileza a um anfitrião que não mostrou comportamento adequado, Dilma não hesitará em cancelar a visita.   

Reforma já marcada
Quem aposta numa reforma ministerial como truque para o governo ganhar consistência política precisa assumir que será uma reforma para durar seis meses. Em janeiro, 15 dos 39 ministros deixam seus cargos para disputar eleições em 2014.

A guerra da luz
Em seis Estados brasileiros – Roraima, Amapá, Ceará, Pernambuco, Minas Gerais e Paraná – as prefeituras temem uma elevação de até 28% em suas despesas de luz a partir de 2014, quando haverá a  transferência de ativos da iluminação pública para os municípios.

O PMDB já se foi?
Líderes do PT no Congresso já acreditam, seriamente, que o PMDB rompeu a aliança com o governo e só não avisou até agora porque nem sempre é conveniente deixar as coisas claras. Os petistas avaliam que em votações importantes dos últimos dias o PMDB revelou mais do que um desacordo momentâneo. Mostrou vontade de agir por conta própria, atuar com independência e até abrir-se para alianças novas em 2014 – exatamente numa conjuntura em que Dilma enfrenta a primeira crise grave de seu governo. Em busca de conselhos, nesta semana caciques petistas têm conversa marcada com Lula.

A hora certa da pesquisa
O marqueteiro João Santana espera uma queda nos protestos para avaliar o estrago real sobre a popularidade de Dilma e só aí encomendar uma pesquisa de opinião. Ele está convencido de que, longe dos protestos, boa parte da população irá lembrar-se de que sua vida melhorou de 2003 para cá e elevar a nota do governo Dilma para um patamar longe do ótimo, mas entre regular e bom.  

Toma lá dá cá

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Senador Eduardo Lopes (PRB-RJ) exerce mandato na cadeira do ministro da Pesca, Marcelo Crivella.

ISTOÉ – Por que o sr. é contra a eleição para preencher vagas de senadores licenciados?
Lopes–
Os nomes dos suplentes também são divulgados na campanha. Suplente é um vice. O problema é que não é bacana chamar alguém de vice-senador, embora todo mundo fale em vice-presidente e vice-governador.

ISTOÉ – O debate público sobre a matéria gerou constrangimento?
Lopes–
Não. O ponto de ruptura, que levou à rejeição da PEC do senador José Sarney, estava na eleição direta, durante a disputa municipal, em caso de ausência do titular. A PEC tinha um vício de origem, pois Brasília não tem eleição para prefeito.  

Rápidas
* Depois dos gays, Marco Feliciano (PSC-SP) decidiu abrir outra frente de luta. Vai acusar o Projeto de Lei 3/2013 que tramita no Senado de abrir brechas para o aborto. Em busca de aliados, Feliciano já conseguiu apoio de alguns padres em sua cruzada.  

* Nos últimos dez anos, o subsídio dos parlamentares pulou do patamar de 19 salários mínimos para 39, mas os rendimentos do procurador-geral da República cresceram ainda mais. Saíram dos 19 salários mínimos para 41.  

* Há muito mais críticas a Ideli Salvatti no Congresso do que no Planalto, o que talvez explique a dificuldade para resolver seu destino. Trocar a Ideli por quem?, pergunta-se no Planalto.   

* O presidente do Tribunal de Justiça da Bahia, Mário Aberto Hirs, trabalha nos bastidores pela candidatura do advogado Roberto Frank para ocupar a vaga de desembargador destinada à advocacia. 

Retrato falado

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“É uma coisa subjetiva, quase como na relação familiar, quando há desentendimento em casa. Tudo o que se conquistou se questiona, mas, no fundo, se quer melhorar essa relação”

O vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC), explica a reação  negativa dos prefeitos ao anúncio da distribuição de R$ 3 bilhões do governo federal, feito pela presidenta Dilma Rousseff na marcha dos gestores em Brasília. De acordo com Viana, a situação pode ser comparada a briga de família: têm rusgas para acertar os ponteiros, mas não querem se largar.

Trovões verbais contra Eike

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Os conhecidos trovões verbais de Dilma Rousseff acompanharam os últimos empréstimos do BNDES para as empresas de Eike Batista. Estridentes e profundos, foram proferidos antes de a quebra da companhia cair na boca dos empresários. Há testemunhas.

Francisco trará agitação?
O Planalto acredita no surgimento de mobilizações paracatólicas durante a visita do papa Francisco. O cálculo é que a população evangélica, cada vez mais numerosa e mobilizada, deve juntar-se a ativistas de esquerda, ateus, para denunciar os gastos de natureza religiosa em nome do Estado laico. Tudo somado, acredita-se, todos podem reunir motivos diferentes para atingir uma só causa – falar mal do governo.

Fotos: luis costa/afp photo; Lia de Paula; Antonio Cruz/agência brasil; alaor filho/agencia estado/ae