Confira, em vídeo, duas entrevistas com integrantes da gangue:

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FURTO EM SÉRIE
Os amigos Nick, Diana, Courtney, Alexis e Rachel (acima)
invadiram a casa de Paris Hilton (abaixo) quatro vezes

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Ladrões são, por natureza, perigosos. Negando essa obviedade, em Los Angeles, nos EUA, uma gangue colocou a polícia enlouquecida justamente por não usar violência e provocar um dos maiores prejuízos nas áreas mais ricas e exclusivas da cidade, como Beverly Hills e Hollywood Hills. Com roubos avaliados em US$ 3 milhões, a quadrilha que ficou conhecida como Bling Ring invadiu, entre outubro de 2008 e agosto de 2009, a casa de astros como Orlando Bloom e Megan Fox e celebridades como Paris Hilton e Lindsay Lohan sem fazer uso de revólver ou disfarce. O que surpreendeu mais os investigadores e o júri que acompanhou o caso é que os integrantes do bando não eram pobres: moravam no bairro de Calabasas, outro enclave nobre, que tinha entre seus moradores Britney Spears e Will Smith. A idade média dos delinquentes também causou espanto: oscilava entre 18 e 19 anos, sendo que a maior parte era do sexo feminino. Estudantes de uma escola conceituada, a Indian Hills, os adolescentes mimados agiam contra os seus ídolos justamente porque queriam ter as joias e roupas de grife que eles exibiam em revistas de celebridades – chegaram até a levar peças íntimas, mesmo usadas. A história desse grupo de criminosos é o assunto do livro “Bling Ring – A Gangue de Hollywood” (Intrínseca), que sai no Brasil quase simultaneamente aos EUA. Sua autora, a jornalista Nancy Jo Sales, da revista “Vanity Fair”, foi quem escreveu a reportagem inspiradora da cineasta Sofia Coppola no filme homônimo, com estreia no Brasil em agosto. Seu livro amplia o que apurou em uma narrativa mais longa e detalhada.

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O Bling Ring era formado por Nick Prugo e as colegas de escola Rachel Lee, Diana Tamayo, Alexis Neiers e Courtney Ames. Quando os golpes começaram a ficar mais ousados – e arriscados –, eles incorporaram ao grupo o traficante Jonathan Ajar e o segurança Roy Lopez, ambos com 27 anos. Antes de envolver somas vultosas, esses furtos (“ir às compras”, como diziam) eram vistos por eles como uma extensão de suas baladas. Eles acreditavam que seus roubos não iriam fazer falta aos ídolos e agiam movidos pelo desejo de usar roupas e outros itens de seus ícones. Foi acompanhando os sites de fofocas como o TMZ que a turma começou a mapear as vítimas. Pesquisando as suas páginas no Facebook e no Twitter, e seguindo seus passos nos sites voltados para ricos e famosos, a quadrilha ficava sabendo quando os astros se ausentavam da cidade e, assim, podia entrar em suas casas com tranquilidade. Para descobrir o endereço, assinavam um serviço chamado Celebrity Address Aerial (endereço aéreo de celebridades).

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NAS TELAS
Livro é uma ampliação da reportagem da revista

O Google Earth era outra ferramenta fundamental: com ele, descobriam qual o melhor acesso para as residências. Ou seja: sem saber, a Bling Ring estava inaugurando um novo tipo de delito, inspirado nos hackers, em que tudo é planejado diante da tela do computador.

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O melhor acesso à casa de Paris Hilton, por exemplo, era subindo colinas ao fundo da mansão. Para entrar na residência eles não tiveram muito trabalho: Paris deixava a chave da porta debaixo do capacho. Foram quatro visitas à sua casa e ela só desconfiou que seus pertences estavam sumindo quando levaram todas as suas joias, um rombo no valor de US$ 2 milhões. “Era uma espécie de Tiffany’s particular”, disse Nick Prugo à autora. Geralmente, os furtos saíam da cabeça de Rachel, uma fashion victim incontrolável. Ela escolhia seu alvo pelo guarda-roupa e quem demonstrasse ter mais modelitos Chanel, Gucci e Marc Jacobs entrava logo na lista. A atriz Lindsay Lohan foi desfalcada de bolsas e vestidos no valor de US$ 128 mil. Orlando Bloom acabou perdendo uma coleção de relógios Rolex por acaso, já que o alvo da turma eram as peças prêt-à-porter de sua namorada, a modelo Miranda Kerr, na época contratada pela grife de lingerie Victoria’s Secret. Obcecada pela fama, e querendo parecer tão célebre quanto as suas vítimas, a Bling Ring terminou desbaratada: a quadrilha vivia alardeando pelos bares da moda de Los Angeles os seus feitos, acabou dedurada para a polícia e cumpriu penas de no máximo quatro anos por furto e violação de domicílio.

Fotos: Mario Anzuoni / REUTERS; Mark RALSTON / AFP PHOTO; Jonathan Alcorn / ZUMAPRESS.com; Polaris/Otherimagespress


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