Um pé lá, outro cá

O PMDB está defendendo o governo no escândalo Eduardo Jorge tanto quanto o PFL. Mas com uma diferença: enquanto os pefelistas apostam todas as fichas na manutenção da aliança com os tucanos em 2002, os peemedebistas já começam a falar abertamente na possibilidade de cair fora da canoa. O assunto foi discutido às claras numa reunião na casa do presidente da Câmara, Michel Temer, na última segunda-feira. Estavam presentes, além de Temer, os líderes do partido na Câmara, Geddel Vieira Lima, e no Senado, Jader Barbalho, o ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, e o assessor político do Palácio do Planalto, Moreira Franco. Jader foi claro. Precisa do apoio do governo para sua candidatura a presidente do Senado, e não deixar ACM defender sozinho Fernando Henrique neste momento. Mas, se notar que o governo não sai da crise e a popularidade do presidente vai permanecer em queda livre, em abril do ano que vem começa o desembarque.
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Ecos da entrevista

Primeiro parlamentar a denunciar irregularidades na obra do TRT-SP,
o deputado Giovanni Queiroz (PDT-PA) está tiririca com o empreiteiro Fábio Monteiro de Barros, que o chamou de contrabandista e traficante na entrevista de capa à ISTOÉ da semana passada:
– Fui eu quem, em 1995, colocou a pedra no caminho de Fábio e seus cúmplices, revelando o roubo do dinheiro público no TRT. Como ele não achou nada de concreto em minha vida, veio com acusações mentirosas. Trata-se de um rato de esgoto.
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Mais ecos

O deputado Delfim Neto foi outro dos citados pelo construtor do prédio do TRT de São Paulo, Fábio Monteiro de Barros. O empreiteiro disse que emprestava regularmente seu avião particular para
o ex-ministro se deslocar entre São Paulo e Brasília. Mas Delfim não perdeu a fleuma:
– Isso acontecia somente às vezes. Sou amigo da família dele
e não deixei de sê-lo. Na verdade, acho o Fábio um cara muito inteligente. A entrevista foi ótima, me diverti muito. O homem
é uma metralhadora.
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Garotinho vai para o PMDB

ex-governador Moreira Franco, que é presidente do PMDB do Rio, deu uma boa notícia à cúpula nacional do partido na reunião na casa de Michel Temer: fez as pazes com o governador do Rio, Anthony Garotinho. Já aceita a filiação do pedetista às hostes peemedebistas. Jader e companhia festejaram: agora, além de Ciro e FHC, vão dizer que têm mais uma opção para 2002.
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Chá de sumiço

A última moda no Palácio do Planalto é estocar o ministro da Cultura, Francisco Weffort, e o secretário de Desenvolvimento Urbano, Ovídeo de Ângelis. A brincadeira agora é dizer que, na segunda-feira 31,
ao receber os recenseadores do IBGE em seu gabinete, FHC pediu encarecidamente que eles localizassem seus dois subordinados. “Andam sumidos. Sinto saudades”, teria reclamado o presidente.

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Rápidas

* Uma figura pouco conhecida, mas muito importante, anda preocupadíssima com o escândalo Eduardo Jorge. Trata-se do secretário particular de FHC, José Lucena Dantas.

* Dado importante do depoimento de Eduardo Jorge: ele admitiu que Nicolau lhe pediu um emprego. Com o apoio de Romeu Tuma, queria ser chefão da Abin em São Paulo.

* Descoberto que integrava o Conselho de uma empresa de EJ, o senador pefelista José Jorge quase deixou a relatoria do caso do TRT. Mas Jader Barbalho pediu que ele ficasse.

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“Isso é mentira!’’

Do líder do governo no Senado, José Roberto Arruda (PSDB-DF), sobre Eduardo Jorge ter dito que só apoiou no segundo turno a candidatura de Joaquim Roriz (PMDB) em Brasília

Por Tales Faria – colaborou Isabela Abdala