Que o brasileiro não acredita nos políticos é fato público e notório. Mas a última pesquisa realizada pelo Instituto Brasmarket, com 2.584 entrevistados em todos os Estados, revela que essa velha descrença tem aumentado. E muito. Comparando os dados da mesma pesquisa publicada por ISTOÉ em abril passado, a constatação é simples: com o aumento de seus índices de desaprovação em 17,0% em menos de quatro meses – de 42,0% para 59,0% –, é sobre os ombros do presidente Fernando Henrique Cardoso que recai a culpa de todos os males da política nacional. A decepção é tanta que o número dos que pensam na volta do regime militar como solução é alto. Segundo a pesquisa, 38% dos brasileiros são a favor do retrocesso e acham que a vida nos tempos de ditadura era melhor. Para 66,6%, a corrupção só aumentou de lá para cá. Na região Sudeste, este índice é ainda mais alto e a maioria (46,8%) acha que sob o comando do Exército o Brasil teria chances de voltar a ser o “país do futuro”. Não por acaso, o Sudeste é a região que mais desaprova o governo FHC: 61,1%.
A crença no regime ditatorial também é alimentada pelo aumento da criminalidade no País. O Instituto Brasmarket realizou pesquisa com 3.948 entrevistados para saber o que o brasileiro pensa sobre a violência. Resultado: 62,2% culpam os governantes pela falta de segurança. Apenas 9,2% responsabilizam a polícia, embora 45,7% desaprovem seu desempenho e 28,8% o considerem regular. Mas o dado desanimador para o governo é saber que a imensa maioria dos entrevistados (88,1%) não soube citar absolutamente nenhum investimento ou medida do presidente para melhorar a área de segurança pública. A pesquisa revela ainda que, para a população, o governo federal não se esmera o suficiente para resolver o problema da criminalidade.

Sem desculpa – Não é só o presidente Fernando Henrique que está desacreditado pelos cidadãos. Os índices de aprovação dos poderes Legislativo e Judiciário também caíram em relação à pesquisa anterior. Os dados mostram que a credibilidade do Senado, da Câmara e da Justiça está baixíssima: respectivamente, os índices de desaprovação são 57,8%, 53,5% e 63,3%. Prova de que o brasileiro, embora acostumado, ainda se choca com escândalos de corrupção, como o desvio de R$ 169 milhões dos cofres públicos, verba destinada para a construção do fórum trabalhista de São Paulo. Dois dos principais responsáveis pela maracutaia compunham os quadros do nosso sistema político: o ex-senador Luiz Estevão e o juiz foragido Nicolau dos Santos Neto. E nem a punição dos envolvidos no caso – a cassação de Estevão e a prisão decretada do juiz – ajudaram a salvar a imagem dos nossos Três Poderes.