ANTONIO SCORZA/AFP

1. REFÚGIO Edward Norton se esconde em um barraco no filme O incrível Hulk
2. EXOTISMO Passista no clássico francês Orfeu negro
3. EFEITO Cary Grant e Ingrid Bergman em Interlúdio

Não são apenas os fãs de quadrinhos que aguardam com ansiedade a estréia em junho de O incrível Hulk, com parte de seu enredo rodado no Rio de Janeiro. O trailer do blockbuster orçado em US$ 125 milhões mostra uma perseguição nos becos da favela Tavares Bastos, no Catete, na zona sul, e, segundo consta, a história também vai mostrar ao mundo ângulos mais cinematográficos da Cidade Maravilhosa. Após um jejum de quase 20 anos, o Rio volta à mira das grandes produções internacionais. Quem acompanha a trajetória do agente secreto 007 sabe que ele já enfrentou criminosos terríveis no Pão de Açúcar. A fama da cidade como “maravilha de cenário” para as produções de Hollywood é bem mais antiga e pode ser conferida no livro O Rio no cinema (Nova Fronteira, 192 págs., R$ 95), do crítico carioca Antonio Rodrigues.

Num levantamento completo, ele reuniu produções estrangeiras e nacionais que tiveram a cidade como set de filmagens. São mais de 300, mas só os mais significativos (73 títulos) ganharam comentários na obra, fartamente ilustrada.

A lista vai de Voando para o Rio, com Fred Astaire e Ginger Rogers, de 1933, a Tropa de elite, lançado no ano passado. Radicado na Europa há mais de 20 anos, Rodrigues afasta-se do lugar-comum de que o cinema idealiza ou demoniza a cidade. No passado, quando a violência era menor, as equipes americanas vinham atrás de cartões-postais. Mais recentemente, as favelas se tornaram o foco de atenção. “Os europeus só se interessam pelos filmes estrangeiros que mostrem algo diferente, exótico”, diz.

Esse interesse atual deve-se ao sucesso de Cidade de Deus e Tropa de elite. E mira a objetiva para os morros. Na aventura tropical de Hulk, por exemplo, o cientista Bruce Banner (Edward Norton) tenta despistar seu maior inimigo, o general Thaddeus “Thunderbolt” Ross (William Hurt), em um barraco. Nem sempre foi assim, e, para provar a tese, o livro dedica especial atenção a Voando para o Rio, de 1933. Segundo Rodrigues, essa foi a primeira produção a fazer da cidade uma co-protagonista. O diretor Alfred Hitchcock ajudou a espalhar essa imagem mundo afora. E com um thriller em que os protagonistas Ingrid Bergman e Cary Grant nem chegaram a pisar em locações como a praia de Copacabana, onde acontece o beijo romântico de Interlúdio (1946). Nesse caso, usou-se o manjado truque do back projection (projeção no fundo).

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