Há uma mudança em curso no futebol. Ela nasceu na Europa, onde a cultura de estudar o esporte é mais presente, desembarcou há pouco tempo no Brasil e ganhou maior visibilidade na Copa das Confederações, competição que registra média de 4,2 gols por jogo. Mesmo com esse índice caindo para 3 se forem desconsideradas as três partidas disputadas pelo Taiti – que levou 24 gols e anotou 1 –, o saldo do torneio, cuja média da última edição, quatro anos atrás, foi de 2,8 gols, não se modifica: desfilou pelos campos do Brasil um futebol mais agradável e vibrante.

chamada.jpg
PARA A FRENTE
Paulinho, que marcou o gol da vitória de 2 a 1 sobre o Uruguai, é um
volante com lampejos de atacante: nova cara da equipe de Felipão

O futebol tem sido jogado de forma mais ofensiva mundo afora. A Alemanha formou uma geração diferente ao prestar atenção na habilidade dos atletas. A Inglaterra, ao importar craques de diferentes países para a disputa da sua liga nacional, mudou o conceito de atuar ao não priorizar a bola alçada na área para o atacante disputá-la com o zagueiro. A Seleção Brasileira também tenta surfar essa onda. Técnico campeão com o Brasil na Copa de 2002, amparado por um sistema de jogo com três zagueiros em campo, Luiz Felipe Scolari chegou à final da Copa das Confederações com três atacantes.

A moda, hoje, é ter dois desses três jogadores mais avançados atuando nos lados do campo. São como os antigos pontas, com a diferença que, além de atacar o time adversário, possuem vigor físico para defender. O Barcelona foi quem melhor mostrou a eficiência desse esquema. E levou a seleção espanhola a adotá-lo. “Com dois homens atuando grudados nas linhas laterais, o time ganha amplitude, usa o campo todo e complica a marcação”, afirma Paulo Calçade, comentarista dos canais ESPN. Marcar pressão na saída de bola do adversário é outra tática que tem tornado os times mais ofensivos. Atuando dessa forma, com os setores adiantados, laterais e volantes se tornam, ao roubarem a bola no campo de defesa inimigo, atacantes.

Cultuados pela eficiência do sistema defensivo, até mesmo a Itália está mudando a identidade de sua seleção, agora mais ofensiva, sob a batuta do técnico Cesare Prandelli. “A última seleção italiana que eu me lembro de jogar assim foi a do Mundial de 1978”, disse Gianluigi Buffon, goleiro campeão com a Azzurra em 2006.

IEpag83_Copa.jpg