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ECO Temas difíceis em linguagem clara e quase sempre irônica

 

Ele é escritor, semiólogo, lingüista, filósofo. É também um dos nomes mais importantes entre os intelectuais da atualidade. Caso seguisse os seus anseios de criança, o italiano Umberto Eco poderia ter sido general-de-exército ou pianista de bar, mas acabou optando pela paixão da juventude: escrever. Formou-se em filosofia e literatura medieval pela Universidade de Turim, e hoje, aos 75 anos, acumula prêmios, reconhecimento e sucesso com os seus cinco romances e inúmeras obras teóricas – tudo isso traduzido praticamente no mundo inteiro. “Ele é um nome consagrado, uma referência. Todos os seus livros são interessantes, desde os mais eruditos. Eles possuem um valor específico”, diz a editora Luciana Villas-Boas, diretora da Record, selo que lançou diversos títulos de Eco no Brasil.

Se hoje as obras desse escritor são destaque entre os best sellers, nem sempre ele acreditou, porém, que chegaria a esse ponto. Em 1980, quando lançou O nome da rosa, Eco considerava um tanto exagerada a tiragem de 30 mil exemplares para esse que foi o seu primeiro romance. O livro (transformado em filme homônimo pelo diretor Jean Jacques Annaud) chegou a vender nove milhões de cópias em todo o planeta. No Brasil os seus romances não vendem menos que 20 mil cópias, o que significa, por aqui, estrondoso sucesso – O pêndulo de Foucault bateu na casa dos 80 mil exemplares vendidos.

Umberto Eco é dono de um estilo que transita das citações eruditas à sutil ironia. Histórica, a sua ficção ambienta-se no passado. Em A misteriosa chama da rainha Loana, por exemplo, ele nos apresenta a vida de um livreiro que vasculha a infância para recuperar a memória. Num tom quase autobiográfico, Eco mostra uma Itália fascista a partir de pequenas recordações em fotos, livros e antigas paixões. “Ele não se repete em seus temas históricos. É um fantasista com tremenda capacidade de renovar-se”, diz Luciana. “Esse pode ser um dos segredos de seu grande sucesso.” No quesito obras teóricas, o seu caminho de texto não é diferente. Falando sobre a pluralidade semântica, a problemática do belo, os elementos de compreensão e a comunicação de massa, o escritor chega a vender até 15 mil cópias de cada título – nada lhe sai maçante. Em seu mais recente livro, Quase a mesma coisa, Eco fala sobre a arte de traduzir obras literárias. “É uma obra com menos ambições comerciais, embora o tema seja atraente até para quem não é tradutor. Acredito que não ficará restrito a um público específico”, diz a diretora da Record. Em sua experiência acumulada durante anos, tanto como tradutor quanto escritor traduzido, Eco apresenta nesse livro diversos exemplos de traduções nos mais variados idiomas. Erudito demais? Sim. Difícil de ler? Não. Eco escreve como quem fala. E fala para todo mundo.

 

 

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