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Ainda não é o “espetáculo do crescimento” prometido pelo presidente Lula e desfrutado, com folga, por outros países emergentes como a China, a Índia e a Argentina. Mas o Brasil completou em junho 22 trimestres consecutivos de crescimento econômico. O PIB, somatória de tudo o que se produz no País, avançou 5,4% entre maio e junho, quando comparado com mesmo período de 2006. Em valores financeiros, o primeiro semestre terminou com uma produção total de R$ 1,2 trilhão. Nessa toada, o PIB deve se expandir entre 4,7% e 4,8% este ano, segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega. “Nem mais, nem menos”, afirmou, na quarta-feira 12. “Já estamos nessa velocidade. Não vai haver aceleração nem desaceleração (no segundo semestre).”

O forte desempenho da indústria e dos investimentos explica o ritmo melhor da economia, que chegou em dezembro de 2006 em velocidade de “pibinho”: 2,9%, número posteriormente revisado para 3,7%. No segundo trimestre, a indústria avançou 6,8% sobre igual período do ano passado, acima do setor de serviços (4,8%) e da agropecuária (0,2%). A taxa de investimentos chegou a 17,7%, o maior patamar para um segundo trimestre desde o início da série histórica, em 2000. Os números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram a força do consumo das famílias: foram R$ 379,6 bilhões de maio a junho, comparados a R$ 368,271 bilhões entre janeiro e março. O consumo do governo, que foi de R$ 114,254 bilhões no primeiro trimestre, subiu para R$ 119,353 bilhões no segundo trimestre. As empresas investiram R$ 214,4 bilhões no primeiro semestre. “As grandes empresas estão rachando de ganhar dinheiro. Algumas estão lavando a égua”, comemorou o ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo.

Gordas estatísticas econômicas sempre são bem-vindas, especialmente quando os governos se metem em apuros políticos, como acontece agora em Brasília. Mas os otimistas de plantão devem prestar atenção aos detalhes antes de soltar todos os seus foguetes. Para o economista Bráulio Lima Borges, da LCA Consultores, a base de comparação – o segundo trimestre de 2006 – é baixa, o que inflou o resultado do PIB neste ano. O período de abril a maio do ano passado foi marcado por uma greve de fiscais da Receita Federal, que prejudicou a produção industrial ao retardar as operações de exportação e importação. “É um equívoco comparar esses 5,4% com os 4,4% do primeiro trimestre e concluir que houve aceleração do PIB”, afirmou Borges. O que há, segundo ele, é um cenário de crescimento equilibrado, que não ameaça o cumprimento das meta de inflação – o que, por si só, já é uma boa notícia.