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DESCUIDO Os números mostram que os homossexuais não estão se cuidando como deveriam

 

Um estudo divulgado na última semana nos Estados Unidos fez soar um alarme vermelho entre as autoridades de saúde de todo o mundo. Segundo levantamento do Departamento de Saúde Pública de Nova York, o número de casos de infecção entre gays do sexo masculino subiu assustadoramente nos últimos seis anos na cidade. De acordo com as estatísticas, o total de registros de contaminação entre homens de menos de 30 anos que fazem sexo com outros homens cresceu 33% de 2001 a 2006. Eles passaram de 374 para quase 500 até o ano passado. Há outro agravante. Os novos diagnósticos praticamente dobraram entre os mais jovens, na faixa etária de 13 a 19 anos.

O dado é extremamente preocupante porque sinaliza o início de uma espécie de retomada de fôlego da doença justamente entre um grupo no qual ela se manteve controlada durante um bom tempo. Os homossexuais masculinos foram os primeiros a ser atingidos, mas também foram os primeiros a se organizar e conseguir conter o avanço da doença. Se a Aids voltou a crescer entre eles, significa que nem mesmo esse grupo, até agora tão mobilizado contra o HIV, está se cuidando como deveria. “Estamos muito preocupados porque tomamos a direção errada. A menos que os homens reduzam o número de parceiros e pratiquem o sexo seguro, com preservativo, nós enfrentaremos uma nova onda de sofrimento e morte por causa da Aids”, afirmou Thomas Frieden, secretário de Saúde de Nova York.

Em Nova York, os casos de infecção entre homossexuais com menos de 30 anos subiram 33% nos últimos seis anos

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O que piora a situação, porém, é saber que os dados coletados nos Estados Unidos não formam um retrato isolado. Em vários países do mundo, como a Alemanha, verifica-se o mesmo fenômeno. No Brasil, o cenário também é preocupante. “Estamos observando muitos novos casos de infecção entre os gays masculinos. Isso está ocorrendo com maior clareza entre os mais jovens, mas acontece também entre os mais velhos”, afirma José Carlos Veloso, presidente da seção paulista do Grupo de Apoio e Prevenção à Aids (Gapa).

As estatísticas brasileiras ainda não registram esse movimento. Isso porque os números obtidos pelo Ministério da Saúde se referem apenas aos casos de pessoas doentes, ou seja, que apresentam os sintomas da Aids. Eles não compreendem os casos de gente que acabou de se infectar pelo vírus (após a contaminação, a doença pode levar anos para se manifestar). Porém, percebendo as tendências internacionais, as autoridades brasileiras prepararam um plano para enfrentar a doença entre os homossexuais masculinos. “Pretendemos colocá-lo em prática até o fim do ano”, afirma Mariângela Simão, diretora do Programa Nacional DST/Aids. Na opinião de Veloso, de fato é urgente a necessidade de agir. “Muitos têm informação sobre a doença, mas não estão sensibilizados o suficiente para mudar o comportamento”, diz.

 

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Arsenal de remédios incrementado
elo menos no front da ciência, há boas notícias. Devem estar disponíveis em breve dois novos medicamentos para combater a Aids. E o melhor é que ambos possuem mecanismos de ação diferentes dos apresentados pelas drogas atuais. Dessa maneira, ampliam- se as formas de combate ao HIV, como se mais e mais flancos do vírus fossem atacados. Um dos remédios é o maraviroc, do laboratório Pfizer. Ele impede que o vírus penetre nas células a serem infectadas. O remédio foi aprovado nos Estados Unidos há cerca de um mês e no Brasil aguarda liberação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. A outra novidade é o raltegravir, fabricado pela companhia Merck Sharp & Dohme. Há dois meses, a droga recebeu do FDA, a agência americana responsável pela liberação de medicamentos, a chamada revisão prioritária. Isso significa que o processo que pode levar à sua aprovação será apressado. O remédio inibe a ação da integrase, enzima importante para a replicação do HIV dentro da célula invadida.


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