“Bispo de merda, idiota, demônio, mentiroso e frouxo.” Esses foram os mais suaves adjetivos que o presidente do PST (Partido Social Trabalhista), Marcílio Duar-te, disparou contra o deputado Bispo Rodrigues (PL-RJ) na semana passada, numa das maiores baixarias já protagonizadas por políticos em Brasília. O lamentável arranca-rabo começou quando o prefeito de São Paulo, Celso Pitta, bateu às portas do PST em busca de guarida. Não conseguiu porque os donos da legenda discordaram sobre o preço do ingresso. Duarte e Rodrigues acusam-se mutuamente. “O Bispo Rodrigues ofereceu o apoio da TV (Record) a Pitta, mas queria algo mais em troca”, ataca Duarte. “É mentira. Ele é sujo e está só atirando”, devolve o deputado, líder da bancada evangélica na Câmara. “Tenho 18 deputados”, gaba-se Bispo Rodrigues, que acabou levando de volta os cinco parlamentares que tinha emprestado para o nanico PST logo no início do ano: Lincoln Portela (MG), Marcos de Jesus (PE), Paulo José Gouvêa (RS), De Velasco (SP) e Valdeci Oliveira (RS).

O bate-boca botou fim ao casamento do PST e PL (Partido Liberal), que juntos formavam um bloco de oposição com 18 parlamentares na Câmara. Viviam em paz, votando sistematicamente contra o governo, apesar de não dispensarem suas demandas paroquiais, até o desentendimento derradeiro. Na quarta-feira 6, durante um evento no Hotel Kubitschek Plaza, em Brasília, os dois protagonistas da discussão por pouco não trocaram sopapos. Irritado com as ameaças do Bispo Rodrigues de retirar seus deputados do PST, Duarte descontrolou-se assim que avistou seu desafeto. “Vou lhe dar uma porrada para você aprender a respeitar as pessoas”, atacou Duarte, logo controlado pelos amigos de ambos. “Esse bispo não tem respeito por ninguém. Não sei como ele pode dirigir uma seita, falar de Jesus. Ele não tem nada de Jesus. É o próprio demônio. Se puser dois chifres e uma barbicha é o próprio cão”, esbravejou o presidente do PST.

Diante da ameaça, o Bispo Rodrigues preferiu o silêncio. Mas depois, acusou Marcílio Duarte de ocupar irregularmente a sala da liderança do PST na Câmara, no lugar do deputado De Velasco (SP), líder da sigla que acabou se acomodando em seu próprio gabinete. Além das instalações no Congresso, Duarte é quem usa as passagens aéreas do líder e nomeia funcionários para os cargos de confiança da liderança. E o mais inusitado: praticou nepotismo na Câmara mesmo sem ser parlamentar, diz o Bispo Rodrigues. “O filho dele, o estudante de Direito paulistano André Barcelar Duarte, é assessor técnico do gabinete, recebe R$ 4 mil por mês e só pisou em Brasília uma vez para assinar sua contratação”, sustenta o parlamentar evangélico. Tudo isso protagonizado por uma elevada bancada religiosa. Cruz, credo!


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