De Vacaria, no Rio Grande do Sul, a Marechal Deodoro, em Ala­goas, 214 cidades brasileiras possuem sua feira literária, segundo dados da Câmara Brasileira do Livro. Esse tipo de evento é antigo, mas seu número aumentou e o seu formato se modernizou com o exemplo do mais famoso deles, a Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), que abre sua 11ª edição em julho. Toda cidade quer ter a sua “flipinha”, porque, além de incentivar a leitura, as feiras geram emprego e incrementam o turismo. “Todos os festivais literários têm dado frutos a quem os organiza. Eles são excelentes porque colocam os livros em evidência”, diz Karine Pansa, presidente da CBL.

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FESTA DAS LETRAS
Ambiente da Feira de Ribeirão Preto, que acontece
até o dia 16: público previsto de 600 mil pessoas

Até o dia 16, por exemplo, acontece em Ribeirão Preto (SP) a 13ª edição da Feira Nacional do Livro, que, ao contrário da Flip, não cobra ingresso. Pelos três locais que sediam a programação, devem passar 116 escritores e 600 mil pessoas, um crescimento de 15% em relação ao ano passado. “Além de fazer a integração entre o autor e o leitor, o mercado se beneficia e vende mais livros”, diz Isabel de Farias, presidente da Fundação que organiza o encontro. Menos ligada ao mercado livreiro, a Flip tem seu modelo seguido mais de perto pela Fliporto (Festa Literária Internacional de Pernambuco), que deu sua largada há oito anos em Porto de Galinhas, mas que atualmente acontece em Olinda, em meados de novembro. Outro encontro mais afinado com a linha de mesas e debates de Paraty é o Fórum das Letras de Ouro Preto, cuja nona edição aconteceu na semana passada. Atraiu 43 mil pessoas em cinco dias de programação. “Esse boom é provocado pelas editoras e pela política de fomento à educação. O Fórum optou por um caminho diferente ao promover a reflexão sobre a literatura”, diz Marco Flávio Alvarenga, um dos curadores do evento. Como Paraty e Olinda, a programação se beneficia também do fato de acontecer em uma cidade turística.

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Após marcar o ambiente cultural do País (a relação de feiras da CBL registra cinco encontros com o nome de “festa literária”), a Flip se prepara para ganhar o mundo. Em outubro, acontece na Inglaterra a FlipSide, com grande programação voltada para a literatura brasileira. Mas é a original brasileira que faz brilhar os olhos de Mauro Munhoz, diretor-executivo e um dos seus idealizadores, ao lado de Liz Calder: “A Festa fez as pessoas perceberem o quanto a literatura é potente e esse impacto influenciou a criação de experiências análogas”.