O técnico da Seleção Brasileira, Wanderley Luxemburgo, no auge das críticas após a derrota para o Paraguai, afirmou que o problema da Seleção “era falta de vergonha”. A convincente atuação de seus comandados na vitória por 3 a 1 sobre a Argentina, na quarta-feira 26, mostrou que Luxemburgo tinha certa razão. O time abandonou a letargia e uniu garra e talento para neutralizar o rival histórico, líder da competição. O deslocamento de Rivaldo para o ataque e as entradas de Vampeta e Alex ajudaram. Mas a mudança que fez a diferença foi notada no comportamento. Valente e solidária, a equipe brigou pela bola como se ela fosse o mais valioso dos bens.
O gol de Alex e os dois de Vampeta, o melhor jogador da partida, levaram ao delírio os mais de 80 mil torcedores que, para surpresa geral, apoiaram a Seleção desde o primeiro minuto. Almeyda descontou. A vitória coloca o Brasil na segunda colocação nas Eliminatórias 2002 e tira o time e seu treinador da forca, numa semana em que circularam rumores de que o técnico seria demitido. Carlos Alberto Parreira, Luiz Felipe Scolari e Levir Culpi seriam os cotados para substituí-lo. “Sou como vara de marmelo, envergo mas não quebro”, disse um aliviado Luxemburgo após a vitória.

Em campo, o Brasil convenceu. Fora dele, nem tanto. Ficou claro que o melhor mesmo foi ter desistido da briga para ser a sede da Copa de 2006, vencida pela Alemanha. Os trabalhos no estádio do Morumbi foram marcados pelo improviso e discussões que quase terminaram em agressões físicas. Na cabine em que o jogador Raí comentava a partida para o canal francês Plus, por exemplo, o cenário era o de um botequim de periferia. Sobre um pedaço de madeira, Raí e o locutor davam o seu recado sentados em cadeiras toscas, dessas oferecidas como brinde por cervejarias. Ao lado, um jornalista europeu usava como assento uma tábua apoiada num cesto de lixo virado. Na coletiva de imprensa realizada após o jogo, novas surpresas. Segundo os argentinos, a CBF rompeu o acordo que dá à equipe visitante o direito de iniciar as entrevistas. Luxemburgo, Vampeta, Alex e Antônio Carlos chegaram na frente. Em protesto, os jornalistas argentinos abandonaram juntos o salão. Os mais exaltados por pouco não saíram no tapa com um dos assessores de imprensa da CBF. Derrotada pelos alemães, a África do Sul tem tudo para levar a Copa de 2010. Isso significa que o Brasil terá muito tempo para solucionar deslizes como esses.


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