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DUPLA A parceria entre Dualib (acima) e o russo Berezovski durou três anos: denunciados por formação de quadrilha

O Corinthians completou 97 anos no início do mês, mas em vez de festa, ganhou de presente as manchetes policiais. Na semana passada, grampos da Polícia Federal revelaram práticas ilícitas na parceria de quase três anos, encerrada há dois meses, entre o fundo de investimento MSI e o clube. Diálogos gravados durante 14 meses mostram que era o mafioso russo Boris Berezovski, acusado de lavagem de dinheiro e assassinato em seu país, quem financiava a parceria. E mais: que os dirigentes conspiravam para ninguém descobrir isso. “A grande vítima é o Corinthians”, diz o secretário nacional de Justiça Romeu Tuma Júnior, conselheiro do time.

Tuminha foi o primeiro, há dois anos, a denunciar que a parceria serviria para lavar dinheiro do russo. Empossado secretário de Justiça na terça- feira 11, ele assinou no dia seguinte pedido de prisão preventiva de Berezovski, Kia Joorabchian e Nojan Bedroud, do MSI, por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Os três estão fora do Brasil. O documento foi enviado ao Supremo Tribunal Federal, que irá repassá-lo à Interpol.

O teor das conversas interceptadas pela PF dão a medida da gestão de 14 anos de Alberto Dualib, afastado recentemente. Num dos trechos, em que trata do envio de dinheiro de Berezovski para o Brasil, Dualib diz: “Dinheiro não pode mandar mais como lavagem… tem que limpar isso aí.” Em outro diálogo, o vice Nesi Curi fala em arranjar “uma negrada” para matar Martinez. Segundo um conselheiro do Corinthians, Martinez seria uma pessoa ligada ao empresário de futebol Giuliano Bertolucci que aliciava jogajogadores juvenis do clube. “Não sei se foi força de expressão, mas é briga de quadrilha, coisa de bandido. Se ouço isso, faço um boletim de ocorrência”, afirma uma autoridade policial. Nesi, Dualib e mais três pessoas foram denunciados por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Dualib também é investigado pelo Ministério Público Estadual pela emissão de 80 notas frias, que oneraram os cofres do Timão em R$ 436,5 mil. “Isso é estelionato e pode dar cinco anos de reclusão”, diz o promotor José Reinaldo Carneiro. Em entrevista ao Diário Lance!, Dualib diz ter consciência tranqüila, não acredita que será preso e lava as mãos sobre os recursos da MSI: “A responsabilidade é dos bancos, que reconheceram esse dinheiro como legítimo”. Nos anos 90, Palmeiras e São Paulo foram alvos de desconfiança quando firmaram parcerias com a Parmalat e IBF, respectivamente. Mas diferentemente do que parece acontecer com o Corinthians, não se comprovou nenhum esquema de corrupção com participação dos dirigentes.

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