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LÁ FORA E AQUI
Enquanto britânicos exigem o fim do gás de xisto,
o Brasil deve intensificar a produção do mineral

A bastecido por torres de energia eólica e painéis solares, o discurso ecológico é atropelado quando o dinheiro resolve falar mais alto. Ainda mais quando o dono das notas são os Estados Unidos. À procura de saídas energéticas para contrabalançar o crescimento vigoroso principalmente da China, os americanos descobriram uma saída sob seus pés. Trata-se do “shale gas”, popularmente conhecido como gás de xisto, que ganhou viabilidade econômica graças à modernização na técnica para sua extração. O mineral está provocando uma revolução nos EUA. Tem vitaminado a economia e ajudado a trazer de volta empresas que haviam deixado o país.

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BURACO
A queda nas vendas de seu gás natural levou a
Rússia a também explorar minas de xisto

Além do governo americano, industriais de todo o mundo se animam com o custo até 60% inferior ao de fontes como o gás natural. De outro lado, ambientalistas alardeiam o risco ambiental. Antes, o problema era eminentemente estrangeiro, mas deve ganhar força no Brasil. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) planeja para novembro um leilão para exploração de áreas em bacias sedimentares terrestres.

Para extrair o gás, a técnica mais moderna é o fraturamento hidráulico (“fracking”). Uma mistura de gás, areia e produtos químicos sob pressão é atirada sobre as rochas. O resultado são fraturas, por entre as quais escapa o produto. O destino da mistura química é o que desperta a ira dos ambientalistas. As rachaduras podem levar os componentes ao lençol freático. Além disso, segundo o coordenador da Campanha de Energias Renováveis do Greenpeace Brasil, Ricardo Baitelo, a produção do mineral tem como efeito colateral quantidades preocupantes de metano. Para completar a ficha suja do gás, sua extração exige muita água.

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Professor e diretor da área de energia e ambiente do Instituto de Geociências da USP, Colombo Celso Gaeta Tassinari relativiza o lado vilão do mineral. “Em tese, a técnica do fraturamento não deve significar problemas ambientais”, diz. Mas ele mesmo lembra que, por ser uma atividade relativamente nova, seria preciso mais tempo de pesquisas para que se encontre uma forma de extração mais ambientalmente correta.

Muita gente não está interessada em esperar para saber se nossos lençóis freáticos correm risco ou não. O “fracking” tem motivado protestos contra a exploração do xisto. A França foi o primeiro país a proibir a técnica. Nos EUA, alguns Estados também a barraram. A luta é endossada por famosos, que criaram a campanha “Artists Against Fracking”, com participação de Paul McCartney e Yoko Ono, que provocou a fratura responsável pelo fim dos Beatles. E essa é a única rachadura permitida pelos adeptos da campanha.

Foto: ITAR-TASS / Yuri Belinsky


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