Vai chegar o dia em que as mulheres vão folhear sem pudor revistas com fotos de homens nus no ponto de ônibus ou no consultório médico. Algumas vão dizer: "Só comprei pela entrevista." Quem aposta nessa tendência é Marcos Salles, diretor da editora Salles e criador da Íntima, a primeira revista de nu masculino voltada para o público feminino, que chegou às bancas na terça-feira 6. "As mulheres estão mais à vontade para apreciar a nudez masculina", diz Salles.

Em fotos coloridas e em preto-e-branco, mergulhando nas águas cristalinas de Ilha Grande, no Rio de Janeiro, o ator Humberto Martins fez a estréia num ensaio insinuante, mas sem poses frontais. "Sinto-me orgulhoso e envaidecido por participar de uma nova era de liberdade da mulher. Como já atuei nu, não fiquei constrangido", afirma Martins. No dia do lançamento, o Video Show, da Rede Globo, gravou um quadro para ir ao ar na próxima terça-feira, em que Martins mostra a revista para mulheres em um shopping de São Paulo. Logo surgiu uma multidão louca por autógrafos e exemplares. "É uma pena que não aparece tudo", diz Elizete Martins Ramos, 32 anos. O que acharia o namorado de Elizete? "Ele compra revista de nu feminino. Direitos iguais."

Com tiragem de 200 mil exemplares, Íntima desponta num momento em que as revistas femininas investem no erotismo. A orientação de não mostrar nu frontal se baseia numa pesquisa onde 70% das 800 entrevistadas acham agressiva a exibição do pênis. Mas há controvérsias. "Em mais de 100 e-mails que recebemos após o lançamento, muitas leitoras exigiam que o pênis aparecesse nas próximas edições, o que não ocorrerá na número dois ainda", conta o diretor de marketing Douglas Casarin. O nu masculino virou notícia depois que a revista G Magazine, dirigida aos homossexuais, celebrou tiragens antes impensáveis com fotos explícitas de atores como Mateus Carrieri e jogadores de futebol como Vampeta e Dinei.

A veterinária Heloísa Pappalardo, 30 anos, grávida e mãe de um menino de dois anos, comprava justamente a G para um amigo quando viu a Íntima. "Gostei e se o cara da capa me interessar vou comprar. Quando levava a G para a casa meu marido não gostava. Da Íntima não reclamou. É mais sutil", conta. A propósito, Íntima traz também reportagens diversas e entrevistas.


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