Duas listas diferentes de suspeitos de terrorismo, dois erros de grafia. E assim Tamerlan Tsarnaev, um dos indiciados pelo atentado à Maratona de Boston na segunda-feira 15, escapou do radar das agências de inteligência dos Estados Unidos.

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ERROS CONSECUTIVOS
Richard DesLauriers, agente especial em Boston, transformou-se
na face pública do FBI na investigação

Na semana seguinte ao ataque, a polícia federal americana, chefiada por Richard DesLauriers, disse que Tamerlan já havia sido investigado em 2011, a pedido do serviço secreto russo, e que “nenhuma atividade terrorista foi encontrada”. O nome do rapaz, contudo, foi adicionado a uma lista de observação. Além de checar os bancos de dados do governo, o FBI rastreou ligações telefônicas, histórico de sites visitados na internet e viagens recentes. A investigação incluiu também entrevistas com o próprio Tamerlan e familiares. Em conversa com jornalistas no Daguestão, na Rússia, a mãe dos suspeitos, Zubeidat, disse que os agentes lhe perguntaram se a visão religiosa islâmica do filho mais velho era extremista. Tamerlan, 26 anos, morreu num confronto com a polícia durante perseguição na sexta-feira 19. Seu irmão Dzhokhar, 19 anos, foi capturado vivo.

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DEFESA
Os pais Anzor e Zubeidat Tsarnaev em entrevista coletiva,
no Daguestão: eles acreditam que os filhos são inocentes

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A Rússia também alertou a CIA sobre a possível ameaça. A agência, então, incluiu Tamerlan numa nova lista de suspeitos de terrorismo. De acordo com a Associated Press, o nome Tamerlan Tsarnaev foi escrito numa grafia diferente da do FBI. “Me preocupo com qual agência sabia o que e com o fato de isso não ter sido compartilhado”, disse o porta-voz do Congresso, John Boehner. Segundo o jornal “Boston Globe”, a unidade especial de inteligência antiterror de Massachusetts nunca foi informada das preocupações acerca de Tamerlan. Pouco depois, ele viajou para a Rússia para, segundo seus pais, obter um novo passaporte. Mas na lista de passageiros do avião, submetida ao serviço de segurança, o nome de Tamerlan estava escrito errado. O suspeito não só conseguiu sair do país como voltou, seis meses depois, sem enfrentar nenhum obstáculo. Um erro que custou, ao menos, a vida de quatro pessoas (três espectadores da maratona e um segurança do MIT). E que poderia ter custado mais. Na semana passada, o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, disse que os irmãos tinham planos de viajar a Manhattan para atacar a região turística de Times Square. Dzhokhar foi indiciado pelo uso de arma de destruição em massa e pode ser condenado à pena de morte. Na sexta-feira 26, ele foi transferido do hospital Beth Israel, em Boston, para um presídio em Fort Devens, Massachusetts.

Fotos: Darren McCollester/AFP; The Lowell Sun & Robin Young, Musa Sadulayev – AP