Por atos e palavras, o pastor deputado Marco Feliciano, galgado à presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, vai se transformando na maior aberração política do País nos últimos tempos. Imaginando-se blindado, “imexível”, dado o dispositivo legal que o garante no posto, partiu para a provocação pura e simples, tripudiando sobre os adversários e boa parte do País que vem reagindo com fortes protestos contra a sua permanência na comissão. Ele ignora os apupos. Parece se divertir com a situação de repúdio crescente. Comete o pecado da soberba. Fala o que quer e como quer, sem temer represálias. Deu na telha, solta o verbo. Indiscriminadamente. É flagrado em vídeos levantando absurdos como a responsabilidade de Deus no assassinato do beatle John Lennon e na queda do avião que matou a banda Mamonas Assassinas. Ao cantor-compositor Caetano Veloso, legou a acusação de manter um pacto com o diabo. Seria pitoresco, não fosse trágico. O senhor Feliciano, para além de seus impropérios ideológicos, repletos de cunho racista, homofóbico e retrógrado, demonstra pendores autoritários, antidemocráticos. Fecha as portas de audiências públicas para evitar manifestantes. Faz uso da imunidade parlamentar para driblar processos que correm contra ele no Supremo Tribunal. Insulta os princípios elementares da comissão que preside ao ignorar conquistas indiscutíveis dos direitos humanos no plano nacional. Reage com furor aos detratores – dando voz de prisão a alguns deles – e estabelece como regra que só os seus interesses e convicções importam.
Pelo escracho e desrespeito para com o próximo, Feliciano transformou sua cruzada num atentado social. Não consegue nem mais circular em público, dada a revolta que sua figura provoca. Passou do ponto e, pelo que fez e disse, já deveria ter sido sumariamente expurgado da presidência. Com uma conduta que não condiz com o papel e a autoridade a ele conferidos, Feliciano dificilmente deixará de lado o radicalismo. Afinal, acredita, cada vez mais, que agindo assim estará angariando votinhos preciosos de eleitores na camada dos fiéis incautos. No fundo, no fundo, é o que importa. Para ele, em prejuízo do Brasil.