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COTADOS
Ronaldo já é membro do COL

A um ano da Copa do Mundo, o comando do Comitê Organizador Local (COL) do Mundial pode ser trocado pela Fifa. José Maria Marin, 80 anos, presidente do COL e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), passou a semana no olho do furacão. Sem trânsito com a presidenta Dilma Rousseff e em baixa com a entidade máxima do futebol, Marin já tem até substitutos cotados para o seu lugar: os ex-jogadores da Seleção Leonardo e Ronaldo – o Fenômeno é membro do COL desde 2011. Mesmo na CBF, a situação do cartola não é confortável. “Como ministro, não posso fazer nada, mas a Câmara e o Congresso, no geral, podem tomar as decisões que julgarem adequadas”, afirmou o ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, em audiência pública na Câmara dos Deputados na terça-feira 9, ao explicar por que o governo não pode intervir na entidade e tirá-lo da presidência.

O comentarista e ex-jogador Júnior acredita que a possível saída de Marin, ex-deputado pela Arena (1971-1979) e ex-governador de São Paulo, pode pôr fim à desunião política que impera no COL. “Nitidamente o governo não está satisfeito com essa gestão”, diz Júnior, para quem estão faltando harmonia e integração, elementos fundamentais para “resolver obstáculos ou imprevistos que surjam daqui para frente.”

“Ter um ex-craque no COL, como ocorreu na França e na Alemanha, poderia ser a saída”, diz o comentarista esportivo Juca Kfouri. Os dois ex-jogadores da Seleção Brasileira têm uma imagem positiva. Kfouri prefere Leonardo a Ronaldo. “Hoje, ele (Fenômeno) tem muitos negócios que gerariam conflito de interesse com a função. Além disso, não tem preparo. O Leonardo seria um nome melhor”, acredita. Aos 43 anos, Leonardo tem uma sólida carreira na Europa. Foi treinador da equipe italiana Internazionale, dirigiu o Milan e é diretor esportivo do francês Paris Saint-Germain há dois anos. O que é ponto positivo para um, é negativo para outro: “Embora seja um grande nome, duvido que possa assumir”, pondera o ex-craque Zico, apontando justamente o cargo que ocupa no PSG como obstáculo ao interesse de Leonardo.

Aos 36 anos, Ronaldo é cotado desde quando Ricardo Teixeira renunciou aos cargos que Marin assumiu, no ano passado. “Ele é o nome ideal”, sugere o ex-jogador Romário, atual deputado federal pelo PSB do Rio de Janeiro. Na opinião dele, a atual gestão está empurrando a Seleção ladeira abaixo. “Estamos na pior posição da história no ranking da Fifa”, frisa Romário. Além de ter cultivado imagem positiva como empreendedor, o Fenômeno já atua como porta-voz e embaixador da Fifa e tem bom trânsito no governo federal. “A diferença entre Marin, Ronaldo e Leonardo é a legitimidade. Os jogadores são reconhecidos, admirados. Marin é integrante da burocracia do Estado”, diferencia Flávio de Campos, professor da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do Ludens (Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre Futebol).

Uma troca de comando às vésperas da Copa das Confederações, em junho, pode ter várias consequências. “Com certeza não é bom para a nos­sa imagem. Pode, inclusive, prejudicar a Seleção psicologicamente”, alerta Francisco Novelletto, presidente da Federação Gaúcha de Futebol. Se a mudança ocorrer e um dos ex-jogadores assumir, os cartolas esperam que o novo presidente esteja capacitado para as suas atribuições. “Tudo depende se ele é competente, se tem condições de liderança e experiência na área esportiva”, resume Paulo Schettino, presidente da Federação Mineira de Futebol. Zico cita os bons exemplos de Platini e Beckenbauer em Copas passadas (leia quadro). “Eles assumiram o risco e não ficaram só posando, tiveram participação grande no Mundial”, afirma o ídolo do Flamengo. Com orçamento de R$ 896 milhões e a responsabilidade de cuidar da logística dos jogos do mundial, o Comitê Organizador Local, procurado pela reportagem de ISTOÉ, comunicou, em nota, que está dedicado à entrega da Copa das Confederações e conta “com o total envolvimento do presidente nos preparativos”.

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Apesar disso, nos últimos dias, aumentou o desconforto com a presença de Marin no COL em função de seu envolvimento com a ditadura militar. Um discurso dele de 1976, enaltecendo o delegado Sérgio Paranhos Fleury, principal agente do governo de comando das ações secretas do DOI-Codi em São Paulo, e investigações publicadas pelo portal UOL, indicando que ele defendeu efusivamente o golpe em discurso de março de 1977, geraram incômodo. Constaria ainda de documento do Serviço Nacional de Informações (SNI) que sua candidatura a deputado estadual teve “apoio de círculos militares”. O atual dirigente da CBF teria sido descrito como integrado ao golpe de 1964.

 

A um ano da Copa do Mundo, o comando do Comitê Organizador Local (COL) do Mundial pode ser trocado pela Fifa. José Maria Marin, 80 anos, presidente do COL e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), passou a semana no olho do furacão. Sem trânsito com a presidenta Dilma Rousseff e em baixa com a entidade máxima do futebol, Marin já tem até substitutos cotados para o seu lugar: os ex-jogadores da Seleção Leonardo e Ronaldo – o Fenômeno é membro do COL desde 2011. Mesmo na CBF, a situação do cartola não é confortável. “Como ministro, não posso fazer nada, mas a Câmara e o Congresso, no geral, podem tomar as decisões que julgarem adequadas”, afirmou o ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, em audiência pública na Câmara dos Deputados na terça-feira 9, ao explicar por que o governo não pode intervir na entidade e tirá-lo da presidência. 

O comentarista e ex-jogador Júnior acredita que a possível saída de Marin, ex-deputado pela Arena (1971-1979) e ex-governador de São Paulo, pode pôr fim à desunião política que impera no COL. “Nitidamente o governo não está satisfeito com essa gestão”, diz Júnior, para quem estão faltando harmonia e integração, elementos fundamentais para “resolver obstáculos ou imprevistos que surjam daqui para frente.” 

“Ter um ex-craque no COL, como ocorreu na França e na Alemanha, poderia ser a saída”, diz o comentarista esportivo Juca Kfouri. Os dois ex-jogadores da Seleção Brasileira têm uma imagem positiva. Kfouri prefere Leonardo a Ronaldo. “Hoje, ele (Fenômeno) tem muitos negócios que gerariam conflito de interesse com a função. Além disso, não tem preparo. O Leonardo seria um nome melhor”, acredita. Aos 43 anos, Leonardo tem uma sólida carreira na Europa. Foi treinador da equipe italiana Internazionale, dirigiu o Milan e é diretor esportivo do francês Paris Saint-Germain há dois anos. O que é ponto positivo para um, é negativo para outro: “Embora seja um grande nome, duvido que possa assumir”, pondera o ex-craque Zico, apontando justamente o cargo que ocupa no PSG como obstáculo ao interesse de Leonardo.

Aos 36 anos, Ronaldo é cotado desde quando Ricardo Teixeira renunciou aos cargos que Marin assumiu, no ano passado. “Ele é o nome ideal”, sugere o ex-jogador Romário, atual deputado federal pelo PSB do Rio de Janeiro. Na opinião dele, a atual gestão  está empurrando a Seleção ladeira abaixo. “Estamos na pior posição da história no ranking da Fifa”, frisa Romário. Além de ter cultivado imagem positiva como empreendedor, o Fenômeno já atua como porta-voz e embaixador da Fifa e tem bom trânsito no governo federal. “A diferença entre Marin, Ronaldo e Leonardo é a legitimidade. Os jogadores são reconhecidos, admirados. Marin é integrante da burocracia do Estado”, diferencia Flávio de Campos, professor da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do Ludens (Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre Futebol). 

Uma troca de comando às vésperas da Copa das Confederações, em junho, pode ter várias consequências. “Com certeza não é bom para a nos­sa imagem. Pode, inclusive, prejudicar a Seleção psicologicamente”, alerta Francisco Novelletto, presidente da Federação Gaúcha de Futebol. Se a mudança ocorrer e um dos ex-jogadores assumir, os cartolas esperam que o novo presidente esteja capacitado para as suas atribuições. “Tudo depende se ele é competente, se tem condições de liderança e experiência na área esportiva”, resume Paulo Schettino, presidente da Federação Mineira de Futebol. Zico cita os bons exemplos de Platini e Beckenbauer em Copas passadas (leia quadro). “Eles assumiram o risco e não ficaram só posando, tiveram participação grande no Mundial”, afirma o ídolo do Flamengo. Com orçamento de R$ 896 milhões e a responsabilidade de cuidar da logística dos jogos do mundial, o Comitê Organizador Local, procurado pela reportagem de ISTOÉ, comunicou, em nota, que está dedicado à entrega da Copa das Confederações e conta “com o total envolvimento do presidente nos preparativos”. 

Apesar disso, nos últimos dias, aumentou o desconforto com a presença de Marin no COL em função de seu envolvimento com a ditadura militar. Um discurso dele de 1976, enaltecendo o delegado Sérgio Paranhos Fleury, principal agente do governo de comando das ações secretas do DOI-Codi em São Paulo, e investigações publicadas pelo portal UOL, indicando que ele defendeu efusivamente o golpe em discurso de março de 1977, geraram incômodo. Constaria ainda de documento do Serviço Nacional de Informações (SNI) que sua candidatura a deputado estadual teve “apoio de círculos militares”. O atual dirigente da CBF teria sido descrito como integrado ao golpe de 1964.

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Fotos: Arthur Nobre; FRANCK FIFE/afp