Suítes luxuosas, restaurantes estrelados e um concierge à disposição. A imagem do paraíso para alguns soa fria e impessoal para muitos que preferem se hospedar em residências particulares ao invés de hotéis, um método conhecido como hospedagem compartilhada e que vem atraindo cada vez mais seguidores por meio de redes sociais como a Airbnb. Para essas pessoas, é muito mais atraente alugar um cômodo, apartamento ou mesmo uma mansão que conte uma história e proporcione uma experiência legítima de cultura local. “Conheci os lugares mais incríveis do planeta dessa forma. Além de ser muito mais econômico, pude sentir como vivem, de fato, as pessoas dos locais por onde passei. Foram experiências muito ricas”, diz o publicitário Antônio Veloso, que já viajou para França, Suíça, Itália, Canadá e Estados Unidos dessa forma e, desde janeiro, recebe turistas em seu apartamento no Rio de Janeiro.

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EXPERIÊNCIA
Os anfitriões Ricardo Delgado (à esq.) e Daniel Becker com
a belga Delia Sechilariu, em sua casa nos Jardins (SP)

Como ele, outros brasileiros perceberam que hospedar estrangeiros é um negócio extremamente vantajoso. Para se ter uma ideia, o Airbnb, site americano especializado em compartilhamento de casas, uma espécie de Facebook da hospedagem, abriu o seu escritório no Brasil em março do ano passado, com 3,5 mil anúncios cadastrados. Em um ano, eles passaram para dez mil e o número de visitantes no País cresceu cerca de 574% em comparação a 2011, com turistas de 110 países diferentes. “E irá aumentar ainda mais, porque existe um movimento expressivo de brasileiros se tornando anfitriões, uma consequência direta da globalização, da internet e das redes sociais”, diz Stefan Schimenes, diretor da Airbnb no Brasil. E o número de brasileiros que viajam pelo mundo utilizando os serviços do Airbnb também aumenta a cada dia. Em um ano, a quantidade de usuários do País passou de cinco mil para 90 mil pessoas – o Brasil é um dos dez países que mais utiliza o site para viajar. O número de brasileiros que viajam cresceu 400% de 2011 para 2012. “Hoje muitos turistas têm o perfil de desbravadores e buscam o inusitado, algo que fuja do padrão formatado”, afirma Daniela Flores, coordenadora do curso de hotelaria do Senac.

A Airbnb foi construída como uma grande rede social, na qual os perfis são determinantes para a aceitação do hóspede ou da casa. O site estipula um valor base que varia de acordo com a casa e sua localização, mas o preço final é definido entre hóspede e anfitrião. Cerca de 3% do valor da reserva fica para o site. Vários recursos garantem a segurança dos viajantes (leia o quadro ao lado), como o serviço gratuito de fotografia, que atesta a legitimidade das imagens anunciadas. Se algo der errado, o site é obrigado a arranjar um novo local na mesma cidade, pelo mesmo preço. A Airbnb também tem um serviço de avaliação, por meio do qual é possível conhecer o perfil do inquilino e o que os demais hóspedes escreveram sobre ele, sobre a casa e sobre a experiência de hospedagem. É um excelente termômetro para se escolher onde ficar.

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CONFORTO
A ampla casa do advogado argentino Manuel Perez (segundo à esq.)
em Buenos Aires: muitos hóspedes brasileiros

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“Estamos seguindo o caminho que acreditamos ser o futuro, quando a interação entre as pessoas vai ultrapassar os limites das redes sociais, movimentando a vida e a economia delas”, afirma Stefan Schimenes.

Foi a possibilidade de conhecer novas pessoas e fazer contatos que levou os empresários Ricardo Delgado e Daniel Becker a hospedarem estrangeiros em sua residência no bairro Cidade Jardim, zona nobre de São Paulo. A ideia surgiu há quatro meses, quando um dos amigos que dividia a casa com eles foi embora. Com um quarto vago e o aluguel pesado, o cadastro no Airbnb foi uma sacada de mestre: já receberam quatro hóspedes por cerca de US$ 90 por dia. “Nossa filosofia é fazer com que a pessoa esteja totalmente integrada ao nosso dia a dia”, diz Delgado. Com o mesmo intuito, o músico paulistano Demétrius Carvalho resolveu alugar os dois quartos livres do seu apartamento na zona oeste de São Paulo. “Há três semanas, havia um senhor paquistanês de 78 anos em casa. Há duas, um grupo com sete pessoas para o festival Lollapalooza. Em menos de um ano, hospedei 38 pessoas. Graças a isso, tenho amigos no mundo todo, fiz vários shows fora do País, consigo morar sozinho em um apartamento bacana e ainda aprimorei meu inglês e espanhol.” No movimento contrário, o advogado argentino Manuel Perez recebe, desde 2011, visitantes em seu apartamento em Buenos Aires, especialmente brasileiros. “Espírito hospitaleiro é essencial. É o meu tempo doado para transmitir o amor pela minha cidade para outra pessoa”, afirma.

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Fotos: Rafael Hupsel/Agência Istoé


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