Para não dizer que não falamos de flores
A ânsia do governo no corte de programas sociais não vale para tudo. O Judiciário está autorizado pelo Orçamento deste ano a gastar R$ 69,4 milhões em construções. A maior obra em andamento é a do Fórum Trabalhista da 1ª instância em São Paulo, que deve consumir R$ 10,3 milhões em 1999. Outra fonte de escoamento de dinheiro que não cessa é a compra de passagens aéreas. O Legislativo continua a fornecer a todos os 594 parlamentares um inexplicável bilhete para o Rio de Janeiro, tradição da época da transferência da capital para Brasília há 39 anos. Gastança que se repete no Executivo. O Parque Nacional Aeronáutico do Recife sacou R$ 1,5 mil do Fundo de Estabilização Fiscal para garantir o fornecimento de flores por quatro meses. Justo o tempo que o governo calcula como período mais agudo para a crise.

Carnaval e pesquisas
Temendo por sua popularidade, o presidente Fernando Henrique fugiu tanto dos contatos com populares, durante sua estada de Carnaval no sítio de Ibiúna, que evitou até restaurantes. Pediu e conseguiu que a melhor casa espanhola da cidade entregasse a domicílio a paella que almoçou no sábado.

França de olho nos Correios
O novo presidente dos Correios, Egydio Bianchi, assistiu à final da Copa do Mundo na França a convite dos Correios daquele país. Quando o Brasil tomou o segundo gol, entristecido, Bianchi escondeu os olhos lacrimejantes atrás de uma apostila da estatal francesa que estava em suas mãos. Tema da apostila: o Brasil é a porta adequada para entrada dos Correios franceses no Mercosul.

Renan faz o nome
O ministro da Justiça, Renan Calheiros, conseguiu indicar o novo presidente da Funai. Nesta segunda-feira o Diário Oficial deve publicar a nomeação de Marcio Lacerda para o cargo. Trata-se de um ex-senador do grupo autêntico do MDB que foi segurança de Wladimir Palmeira nas passeatas estudantis de 1968 no Rio.

 

Oposições e traições
Marcello Alencar bem que tentou autorização do Senado para o Rio de Janeiro contrair dois empréstimos no Exterior. Mas ACM era contra e os textos ficaram engavetados. Agora que Garotinho e o Palácio do Planalto estão flertando, o governo já conseguiu a indicação dos relatores dos projetos, Ney Suassuna (PMDB-PB) e Francelino Pereira (PFL-MG). Se o governador do Rio andar na linha, os empréstimos serão aprovados.

  R Á P I D A S
– O governador de Alagoas, Ronaldo Lessa, informa: não há nove de seus parentes trabalhando na Soprobem, conforme divulgado por esta coluna na edição 1533. Na lista de empregados, seus assessores só encontraram a cunhada, Maria Helena.

– O ex-governador do DF Cristóvam Buarque vai anunciar que conseguiu o aval do Banco Mundial para uma nova proposta: parte do serviço da dívida externa seria transformada em verba para programas de bolsa-escola em todo o País.

Por Tales Faria – Colaboraram: Hélio Campos Mello, Rachel Mello e Guilherme Evelin