A procura pelo sexo feliz e prazeroso pode, finalmente, estar chegando ao fim. Pelo menos para aqueles que sofrem de disfunções sexuais. Alguns lançamentos, como um novo comprimido para impotência sem efeitos colaterais e um spray que ajuda a mulher a atingir o orgasmo, estão saindo dos laboratórios rumo às prateleiras das farmácias. Um grande alento para os quase 20% da população brasileira vítimas de impotência, ejaculação precoce e anorgasmia (falta de orgasmo). Para os homens, depois do estouro do Viagra, remédio indicado para alguns casos de disfunção erétil e considerado um divisor de águas nessa área, deve chegar ao Brasil ainda no final do semestre um novo medicamento oral à base de fentolamina, substância utilizada nas injeções aplicadas no pênis para provocar ereção. Além disso, é usada há anos para tratar pacientes com problemas de pressão alta. Por ser bastante conhecida e até hoje não ter sido detectado nenhum efeito colateral, leva vantagem sobre o Viagra. "Ainda não podemos dizer que conhecemos bem o Viagra. Ele só tem cinco anos de estudos. Por outro lado, a fentolamina já existe há mais de 30 anos e sem nenhum registro de problemas", assegura o urologista Joaquim Claro, da Universidade Federal de São Paulo. Só para lembrar, o Viagra não pode ser tomado por quem usa medicamentos à base de nitrato para o coração, pode provocar dor de cabeça e fazer com que o paciente confunda cores. O novo medicamento também é um vasodilatador, só que age em outra fase da ereção. "Sua utilização deverá ser a mesma do Viagra, mas acredito que sua eficácia será maior. Em muitos casos, os dois poderão ser usados em conjunto", diz o urologista Sidney Glina, do Instituto H. Ellis, de São Paulo.

A fentolamina só é contra-indicada para casos mais graves de impotência, como os portadores de diabetes, aqueles que retiraram um tumor na área pélvica ou outro problema que impeça a irrigação peniana. Nesses casos, o implante de uma prótese é ainda o mais recomendado. Especialmente se for levado em conta o aperfeiçoamento do material. Hoje eles são bem mais discretos e mais fáceis de implantar, dispensando até mesmo a anestesia geral. Apesar de a maioria das pesquisas estar sempre relacionada aos problemas masculinos, as mulheres podem se animar. No último Simpósio Mundial de Disfunção Sexual Feminina, da Universidade de Boston, nos Estados Unidos, realizado no final do ano passado, médicos americanos apresentaram o Spray do Orgasmo. Fabricado à base de prostaglandina, um vasodilatador utilizado há algum tempo para disfunções eréteis masculinas, o spray deve ser usado na parte externa dos pequenos lábios. Ele faz com que ocorra uma maior irrigação de sangue inchando a vagina, aumentando a sensibilidade na região e facilitando assim o orgasmo. O efeito corresponde à ereção no homem. Pode ser uma luz no final do túnel para 60% das mulheres brasileiras que têm problemas sexuais. "O spray é um acelerador do orgasmo, portanto só vai funcionar nas mulheres que tiverem alguma disfunção de lubrificação ou que demoram para chegar ao orgasmo. Não funciona para quem não tem tesão", afirma a sexóloga Marilene Vargas, de Curitiba. A droga acaba de ser aprovada pela Food and Drugs Administration (FDA), órgão que controla medicamentos e alimentos nos Estados Unidos, mas ainda não tem data para chegar ao Brasil.

Apesar dessas novidades, a maioria dos profissionais ainda aposta no tratamento terapêutico. Isso porque grande parte dos problemas sexuais, como ejaculação precoce, tem fundo psicológico. "Alguns pacientes descarregam seus problemas externos no estômago ou na cabeça. Outros, no sexo", diz Carmita Abdo, psiquiatra do Hospital das Clínicas de São Paulo. Outro ponto que pode explicar o porquê de algumas pessoas apresentarem esses distúrbios é a maneira como lidam com suas emoções. "Alguém que acredita ter um problema, passa a ter um. É o caso do homem que falha uma vez e começa a acreditar que é impotente. Com isso, dificilmente vai relaxar nas próximas vezes e as chances de falhar de novo aumentam", afirma o psicólogo e terapeuta sexual Oswaldo Rodrigues. Para esses casos, muitas vezes os especialistas associam medicamentos e terapia, a fim de que se retome a auto-estima.

Da mesma forma, quem sofre de ejaculação precoce pode contar, além do tratamento psicológico, com antidepressivos. A maioria dos casos de ejaculação precoce é provocada por uma ansiedade extrema, o que faz com que os níveis de adrenalina fiquem muito altos. Esses remédios ajudam a equilibrar a quantidade dessa substância, permitindo a ejaculação no tempo certo. Terapias ou medicamentos, o fato é que as alternativas aumentam para que, pelo menos no sexo, não exista crise.