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CONCENTRAÇÃO Em busca do efeito que
dura 12 horas, cientistas tomam a pílula para
turbinar o cérebro

Nos mais renomados laboratórios, hospitais e centros de pesquisa de todo o mundo, mentes inquietas trabalham horas a fio para desvendar os grandes mistérios da natureza e do corpo humano ? e, assim, produzir conhecimento que aumente cada vez mais o nosso bem-estar. Não pode haver erro, cada detalhe tem de ser analisado com a máxima atenção. Mas também para os gênios vale o ditado que ?ninguém é de ferro? ? ou, no caso em questão, não há mente que não se sinta fatigada e exaurida após horas e horas de estudo e observação. Para ultrapassar esses limites naturais, os cientistas decidiram lançar mão de um medicamento: trata-se de uma pílula capaz de aumentar em até 40% o nível de concentração e atenção, turbinando o cérebro para a conclusão de grandes missões.

Realizada através da internet pela conceituada revista britânica Nature, uma pesquisa revelou que já está disseminado na comunidade científica o uso da droga Ritalina (nome comercial da substância metilfenidato, lançada em 1956) para melhorar o desempenho intelectual. Um em cada cinco entrevistados disse já ter feito uso ?instrumental? de medicamentos que normalmente são usados para tratar problemas psiquiátricos, como transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Há um efeito colateral que é a insônia. Mas, como gênio é gênio, até esse tempo noturno de vigília é empregado em estudos. O metilfenidato é uma espécie de anabolizante para o cérebro, dando-lhe ?abertura? para captar mais informações e acumulá-las em menor espaço de tempo, agindo no sistema nervoso central e potencializando a ação dos neurotransmissores noradrenalina e dopamina. Seus benefícios já são temas constantes de conversas informais entre estudiosos. Um levantamento feito na Universidade de Wisconsin, nos EUA, mostrou que um em cada cinco estudantes da instituição já havia experimentado o metilfenidato. O efeito da substância prolonga-se até 12 horas.

Por ser remédio controlado, só pode ser comprado com receita, que fica retida nas farmácias, e seu uso é restrito a hiperativos (é prescrito para crianças e adolescentes com TDAH). A pesquisa da Nature originou-se de um editorial da própria revista, que defendeu a pesquisa de drogas com propósito específico de melhorar o desempenho acadêmico. A enquete mostrou que o consumo da Ritalina é um fenômeno emergente na maior comunidade científica do mundo, a dos EUA, de onde vieram 70% das respostas.

ANABOLIZANTE PARA O CÉREBRO
A Ritalina funciona como um anabolizante para o cérebro, dando-lhe ?abertura? para captar mais informações e acumulá-las em menor espaço de tempo, agindo no sistema nervoso central e potencializando a ação dos neurotransmissores noradrenalina e dopamina.