Jóias que emanam um aroma para cada estado de espírito. Medicamentos que se auto-administram na dose precisa prescrita pelo médico e nos prazos especificados. O chip responsável por estes cenários foi criado por três engenheiros do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), em Cambridge. John Santini, Michael Cima e Robert Langer levaram cinco anos para desenvolver o dispositivo, cujos primeiros resultados publicaram quinta-feira 28 na revista britânica Nature. Segundo os três, o chip armazena diversas substâncias químicas em reservatórios miniaturizados inseridos em sua estrutura de silício. Implantado cirurgicamente sob a pele do paciente, o chip libera o remédio ao receber uma pequena descarga elétrica, que dissolve a fina capa de ouro de seus reservatórios. "O paper da Nature mostra que o conceito básico funciona", diz o professor Cima. "O próximo passo é tornar o chip uma aplicação real."

O dispositivo tem o tamanho de uma moeda de um centavo e contém 34 reservatórios. Cada reservatório guarda 25 nanolitros de substância nos estados sólido ou líquido, ou na forma de gel. Essa quantidade é um quase nada. Um nanolitro é um milésimo de milionésimo de litro. Só dá para ser visto através de um microscópio eletrônico. "Mas há espaço para mais de mil reservatórios", diz Langer, acrescentando que é possível aperfeiçoar a técnica para miniaturizar ainda mais os reservatórios e colocar vários milhares num mesmo chip. Os engenheiros já provaram que um mesmo chip pode conter vários tipos de medicamentos. A liberação de uma determinada substância não afeta as outras.

O céu é o limite Cada um dos 34 reservatórios é ligado a uma fonte externa de energia, responsável pela descarga que libera seu conteúdo. No entanto, segundo os pesquisadores, a fonte de energia estará acoplada à placa de silício, na forma de uma pequena bateria e de um microprocessador. Quando isso for verdade, o chip poderá ser, inclusive, ativado por controle remoto.

Hoje, cada unidade produzida no laboratório custa US$ 20. "Industrializando-se o processo, eles sairão por alguns poucos dólares ou até menos do que isso", afirma Cima. Suas aplicações são ilimitadas, festeja o professor Langer. "Instalado em tevês, poderá algum dia expelir diferentes fragrâncias dependendo do comercial a que se assiste, se for de perfume, de sabão em pó ou mesmo do politicamente incorreto tabaco. Da mesma forma, ao jogar um game em CD-ROM, o chip ligado no computador liberaria o aroma característico de cada cena da ação. Isso tudo parece ficção científica. Mas com o novo chip, é uma visão cada vez mais próxima da realidade.

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