Não se critique a Justiça de Curitiba pela concessão de habeas corpus e consequente libertação da médica Virgínia Soares de Souza, que estava em prisão preventiva sob a acusação de deixar morrer deliberadamente pacientes da UTI que chefiava. Num caso tão sério como esse, que fere todos os valores morais, éticos e religiosos, a suspeita teria de permanecer presa, mas, para isso, quem transcreveu as gravações feitas nas investigações jamais poderia errar – como se disse, o caso é grave demais para se cometerem equívocos: onde se transcreveu “assassinar”, ela diz na gravação “raciocinar”. A Justiça poderia, no entanto, ter mantido a prisão: “nesse episódio há claramente o clamor público e o risco de fuga. Aplicam-se tais critérios a tantos casos, por que não nesse revoltante episódio?”, disse à ISTOÉ a professora de perícia criminal e de direito processual penal Roselle Soglio.