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APETITE
O réptil voador brasileiro caçava na superfície e nas águas

Depois de 110 milhões de anos soterrado sob camadas de rocha calcária, um fóssil de réptil voador foi resgatado das profundezas na Chapada do Araripe, no Ceará, e ficou esquecido nas prateleiras do depósito do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, por cinco anos. Desde 2005, foi analisado em etapas, já que não havia recursos para dar continuidade ao trabalho. Na semana passada, entretanto, o gigante veio a público: o paleontólogo Alex Kellner, principal especialista em pterossauros do mundo, revelou o Tropeognathus Mesembrinus. Por conta de suas medidas, recebeu da equipe de dez pesquisadores que o analisou o codinome de gigante. De uma ponta a outra das asas, tinha 8,2 metros. Pesava cerca de 70 quilos. É o maior animal da espécie no Hemisfério Sul e terceiro do mundo.

“São os primeiros animais que aprenderam a voar. São raros. No Brasil, estão os indivíduos mais bem conservados”, diz Kellner. Como esses animais não deram origem a nenhuma espécie atual, são pouco conhecidos. O fóssil achado no Ceará viveu em Gondwana – continente composto por África e América antes de se separarem, no período Cretáceo. Os pesquisadores acharam ainda fragmentos de duas outras ossadas do bicho no Araripe.

Descendentes do mesmo antepassado dos dinossauros, os pterossauros sumiram da Terra 65 milhões de anos atrás. Sabe-se que voavam, em geral planando, e é provável que pescassem. Viveram principalmente em áreas costeiras. Eram mais abundantes que as aves e dominavam os céus, mas deixaram poucas pistas sobre sua extinção. Taíssa Rodrigues, pesquisadora da Universidade Federal do Espírito Santo, explica que o Araripe tinha a maior concentração de pterossauros gigantescos do mundo. “O Nordeste do Brasil era um celeiro de répteis alados gigantes”, conclui Kellner.

Foto: Marlon Falcão / Fotoarena