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O alemão Harun Farocki é considerado um dos artistas mais radicais da cena atual. A análise das representações visuais produzidas pela sociedade contemporânea é o tema de seus trabalhos em vídeo. O artista é imbatível em revelar os discursos de poder implícitos à produção e ao consumo de imagens, desde o início da história do cinema até os atuais circuitos digitais, como o videogame ou a internet. Em cartaz na Fundación PROA, em Buenos Aires, a mostra “Instalaciones/Cines” configura a primeira exposição individual do artista na América Latina.

A mostra traz cinco instalações realizadas na última década, centradas em experimentações com a linguagem cinematográfica bem como a influência das tecnologias no olhar humano. Na obra “Trabalhadores Saindo de uma Fábrica Durante Onze Décadas”, instalação composta de 12 monitores de tevê, Farocki escolhe cenas de cinema que mostram o fim do expediente de trabalhadores tendo como ponto de partida um filme feito pelos irmãos Lumière em 1895, considerado um dos primeiros da história. Já “Eye / Machine II” (foto) utiliza um vasto repertório de imagens históricas e atuais de guerra. Farocki se apropria de cenas gravadas por câmeras acopladas em mísseis e simulações bélicas realizadas por computador. Em duas telas, o artista contrapõe as imagens virtuais às reais, registrando o modo como as tecnologias acabam transformando o olhar em uma máquina para a guerra.