O dragão que cuspia fogo e queimava dinheiro voltou a assustar o governo. A forçada desvalorização do real, que já atingiu 41% até a sexta-feira 22, incentivou a remarcação de preços e obrigou o Banco Central a elevar as taxas de juros para evitar uma alta ainda maior da inflação. Na última semana, multiplicaram-se pelo País os sinais de que as famigeradas maquininhas de remarcar preços voltaram a ser usadas. Os supermercados começaram a receber tabelas com reajustes de produtos que integram a cesta básica de alimentos, como arroz, café e massas. A 30 quilômetros do Palácio do Planalto, na cidade-satélite do Gama, a Padaria Pão Real, duas vezes visitada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em lances de marketing para festejar o sucesso do Plano Real, o preço do pãozinho francês foi aumentado de R$ 0,09 para R$ 0,12, uma alta de 33%. As distribuidoras também anunciaram para fevereiro um aumento de 8% nos preços dos combustíveis, o que promete inflamar ainda mais a pira inflacionária.

Pressionado, o governo pôs de lado as regras do livre mercado e agora acena com monitoramento de preços, para evitar abusos. O presidente Fernando Henrique Cardoso, preocupado com a preservação do seu maior capital político, ordenou que seus ministros batam duro nas empresas que reajustarem seus preços. A primeira vítima foi a General Motors, que havia anunciado um aumento de 11,37% em sua tabela, mas acabou recuando para 5,5% depois de levar uma reprimenda pública do ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga. "Podem vir pressões de todos os lados. O governo tem de ser firme e não ceder", diz o ministro da Saúde, José Serra, que na última semana se antecipou e advertiu a indústria farmacêutica a não enveredar pelo mesmo caminho das montadoras.

Ainda é cedo para saber se a remarcação de preços veio para ficar após quatro anos e meio de Plano Real. Mas um novo surto inflacionário é certo e será de, no mínimo, 7% em janeiro. "Milho, têxteis e combustíveis terão aumentos, inevitavelmente. Mas não há razão para haver reajustes no setor de serviços e nos aluguéis", diz Antônio Carlos Pôrto Gonçalves, diretor do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que pesquisou o impacto da desvalorização. A Fundação Procon percorreu 70 supermercados em São Paulo e constatou uma variação de preços de 0,25% somente da quinta 21 para a sexta 22. Entre os itens de consumo importados, como os de informática, som e imagem, o repasse é integral e automático. Na verdade, o comportamento geral de preços vai depender da escalada da taxa de câmbio, que ainda não deu sinais de estagnação. Mesmo depois da vitória na batalha mais dura pela aprovação do ajuste fiscal, que aumentou a contribuição previdenciária dos servidores públicos da ativa e tungou os aposentados e pensionistas da União, o governo não conseguiu sensibilizar o mercado financeiro. Na sexta-feira 22, a cotação do dólar fechou em irônicos R$ 1,71. O Banco Central, entretanto, promete manter-se firme em sua decisão de permitir a livre flutuação. No entanto, a equipe econômica piscou de novo na própria sexta. Afinal, o Banco do Brasil vendeu cerca de US$ 400 milhões para empurrar a cotação para baixo.

Como se não bastasse, nos dois únicos e desastrados leilões que fez na quarta-feira 13 para defender a fracassada banda cambial larga, o BC queimou nada menos que US$ 4,5 bilhões. Muito mais do que o valor admitido inicialmente, de US$ 1,7 bilhão. Com isso, as reservas internacionais estão atualmente em US$ 27 bilhões, sem contar os recursos do socorro internacional. A estratégia oficial sustenta que a taxa de câmbio vai voltar a um patamar mais razoável assim que os exportadores estiverem convencidos de que já ganharam o bastante com a desvalorização do real. E conta com uma mãozinha do Banco do Brasil para convencer as empresas a fecharem contratos de exportação. "Estamos fazendo um corpo-a-corpo com os principais clientes, lembrando que nossas relações envolvem muitos interesses e serviços", revela o diretor da Área Internacional do BB, Rossano Maranhão. Agora só resta saber se, desta vez, a equipe econômica vai realmente manter sua aposta ou mudar novamente a política, vendendo mais dólares, perdendo reservas e correndo o risco de levar o País a uma moratória técnica.

A habilidade do Banco Central para fazer malabarismos com as reservas está comprometida pelos vencimentos da dívida externa nos próximos meses. Até o final do ano, o governo federal vai ter que pagar uma conta de US$ 5,8 bilhões, sem contabilizar as dívidas de Estados, municípios e estatais. E o Ministério da Fazenda acaba de subir na corda bamba para cumprir as metas fiscais acertadas com o Fundo Monetário Internacional (FMI): a desvalorização cambial bateu feio no Tesouro e elevou em pelo menos R$ 10 bilhões a dívida em títulos do governo federal. Rombo novo nas contas públicas, ajuste novo na política fiscal. O ministro da Fazenda, Pedro Malan, já admitiu a necessidade de mais medidas e seus assessores já começam a trabalhar. "Ainda temos que fazer as contas, mas tudo o que for necessário será feito", avisa o secretário-executivo do Ministério do Planejamento, Martus Tavares. O espaço técnico para novos cortes e aumento de impostos, no entanto, é mínimo. "Estamos no limite", admite o secretário da Receita Federal, Everardo Maciel.

Não foi só o espaço para manobras técnicas que encurtou. O prestígio político do ministro Pedro Malan também parece ter chegado ao fim. Depois que tentou sem sucesso barrar a indicação do pernambucano Emílio Carazzai para a presidência da Caixa Econômica Federal (CEF), Malan queimou-se com o PFL. Perdeu assim o apoio de importantes aliados políticos, que chegaram a sonhar com sua candidatura à Presidência em 2002. O desgaste de Malan é ainda maior com os organismos internacionais, onde transitava com desenvoltura até à última visita aos Estados Unidos, encerrada na quarta 20. Por telefone de Washington, Malan avisou a FHC que levou um autêntico sabão do FMI e do Tesouro americano por causa da improvisada liberação cambial. "O problema é que o Stanley Fischer (vice-diretor-gerente do FMI) e o Larry Summers (subsecretário do Tesouro americano) também se queimaram porque haviam dado seu aval à âncora cambial", lamentou um tenso Fernando Henrique a um dirigente tucano.

Depois da boataria reinante na semana passada – que contemplou diversas vezes a demissão de Malan, a dolarização da economia, quebra de bancos e a decretação de uma moratória técnica –, Chico Lopes convocou a imprensa na sexta 22 para reafirmar sua estratégia. "O câmbio livre veio e vai ficar", assegurou. Lopes aproveitou para relatar que no meio da tarde da quinta 21, quando o dólar chegou ao pico de R$ 1,77, o presidente Fernando Henrique lhe telefonou para perguntar como estava o mercado financeiro. "Está muito tenso", respondeu. "Fique frio, que o mercado está nos testando", devolveu FHC, tentando inspirar confiança no auxiliar. "Já que o senhor está com tanto sangue frio, bem que poderia vir aqui nos ajudar a controlar o mercado", convidou o presidente do BC. Essa tranquilidade pode estar com os dias contados. Esta semana, os dólares que estão ainda em poder dos bancos podem acabar e a política cambial de Fernando Henrique e Lopes vai passar pelo seu teste crucial, com a cotação das verdinhas podendo até romper a barreira dos R$ 2.

Colaboraram: André Vieira, László Varga (SP) e Liana Melo (RJ)

 

 

 

É hora de proteger o próprio bolso

O sonho do brasileiro de ter índices de inflação de Primeiro Mundo está sepultado em 1999. Segundo estimativa de Nelson Irano, da consultoria Ernst & Young, a inflação terá uma alta já em fevereiro ou março de 5%. Trate de proteger suas contas:

 

Cheque especial e cartão de crédito Os bancos já estão mexendo nas taxas de juros do cheque especial. O Banespa aumentou de 6,9% para 7,5% ao mês. As administradoras de cartões de crédito ainda não elevaram seus percentuais, que giram em torno de 10%. Mas o melhor é fugir de dívidas. As compras feitas com o cartão no Exterior são corrigidas pela cotação do dólar do dia da emissão da fatura. Deve haver uma diferença de valor na data de pagamento, que será cobrada no mês seguinte.

 

Transporte As distribuidoras de combustíveis prometem aumento de 8%, mas a Petrobras garantiu que vai segurar os preços. Em São Paulo, as passagens de ônibus acabaram de subir para R$ 1,15 e dificilmente haverá nova alta em breve.

 

Aluguel Os locatários devem voltar a amargar reajustes acima até de 10% no valor do aluguel a cada 12 meses. O indexador usado nos contratos varia do IGPM-FGV à correção da caderneta de poupança. O locatário não deve aceitar reajuste pela variação do dólar, pois é ilegal.

 

Salário Profissionais liberais, como advogados, médicos e dentistas, planejam indexar seus serviços à variação do dólar. Os assalariados, no entanto, voltarão a ter seu poder de compra corroído. As datas-base das categorias passarão a ter novamente importância e sindicatos tendem a se mobilizar mais.

 

Planos de saúde As seguradoras estudam reajustes, mas eles terão de ser autorizados pela Superintendência de Seguros Privados (Susep). Os clientes da Golden Cross saíram ganhando. A empresa enviou carnês com três mensalidades até abril. A princípio não serão corrigidas.

 

Compras Os supermercadistas repassarão integralmente a variação do dólar nos importados, que representam só 2% das vendas. Quanto aos produtos nacionais, os comerciantes afirmam que resistirão a qualquer aumento abusivo das indústrias. Lojas de CDs importados também dolarizaram seu acervo e existe um movimento forte de aumento de preços nos produtos de informática. Aguarde a cotação do dólar se acomodar.

 

Os custos do repasse da energia

O governo tem uma queda-de-braço pela frente. Alvoroçados pela desvalorização do real e pelas dívidas que contraíram lá fora para assumir concessionárias públicas, empresários do setor elétrico já ameaçam repassar ao consumidor a fatura da escalada do dólar. A razão apontada por distribuidoras dos Estados do Sudeste, Sul e Centro-Oeste é que importam até 35% da energia que comercializam da usina hidrelétrica de Itaipu. O preço, naturalmente, é fixado na moeda americana. Mas não é só. Pressionadas por um endividamento externo cujo valor oscila perigosamente ao sabor da cotação diária do dólar – que flutua livremente desde o último dia 15 – as empresas estão ansiosas para dividir a conta com o usuário. Estima-se que a dívida dolarizada da paulista Eletropaulo Metropolitana seja superior a US$ 1 bilhão.

O governo vem acompanhando o comportamento dos preços com extrema atenção. No caso das tarifas, a preocupação é redobrada. Isso porque sua alta cheira a reindexação. "No caso de um bem final, pode-se deixar de comprá-lo. Mas os preços cobrados pelos serviços de infra-estrutura afetam toda a cadeia produtiva à frente. Isso pode trazer de volta a indexação de preços", diz o ex-ministro do Planejamento do governo Geisel, o economista João Paulo dos Reis Velloso. Outra má notícia é que o encarecimento de insumos do setor produtivo eleva o Custo Brasil e, por consequência, reduz a competitividade das exportações. Pelo contrato de concessão das elétricas, é permitido o aumento de tarifa quando os custos sobem. Mas tem que passar pela análise do órgão regulador, a Aneel. Ao perceber a afoita movimentação dos empresários, o secretário de Acompanhamento Econômico, Cláudio Considera, já deu alerta. "Se necessário, vamos punir quem reajustar de maneira abusiva e cartelizada", avisou.

 

O aríete dos Estados Unidos

Há exatos dez anos, o professor Stanley Fischer marcou posição ao acusar o Fundo Monetário Internacional (FMI) de não ser justo com os países devedores. "Não existe debate franco e aberto em círculos bancários e oficiais. E o Fundo parece sempre ter mais ouvidos para os credores", dizia. Vivia-se a dolorosa crise da dívida externa na América Latina. Na época, o professor Fischer usava as tribunas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) para reforçar a idéia de que as impiedosas intervenções e exigências do FMI eram – em suas palavras: "A estratégia errada que não alivia a dívida." O professor, sabe-se agora, estava certo, e acabou até virando vice-diretor-gerente da instituição que tanto criticava. Na semana passada, Fischer voltou a fazer uma destas análises de estratégia, concordando com o documento oficial do próprio Fundo de que a instituição errou na mão no receituário para a recente crise financeira da Ásia. A autocrítica, porém, não chega a propor revisão de políticas e estratégias. Considera-se apenas que se exagerou um pouco na Tailândia, na Indonésia e na Coréia. Ele próprio continua acreditando nas medidas recessivas que fazem parte do cardápio imposto aos países no olho do furacão financeiro atual. Tanto que mantém para o governo brasileiro as mesmas exigências. Assim, o Brasil está arriscado a ser apenas um déjà-vu.

Em meio às discussões entre a equipe econômica brasileira e o FMI, outubro, em Washington, para engendrar a imunização do Brasil ao contágio da crise, os técnicos do FMI tentavam impor o mesmo remédio de sempre: reforma fiscal com aumento de impostos e corte de gastos, equilíbrio orçamentário, redução do crédito na economia e desvalorização da moeda. Desses itens, somente o último foi rebatido pelo Brasil à época. A turma de Malan venceu essa parada, tanto que o diretor-gerente Michel Camdessus, na ocasião, exigiu que o presidente Fernando Henrique assumisse a paternidade do pacote. Ou seja: o FMI não apoiava a política cambial. Mas, de resto, estavam todos de acordo. Agora o câmbio perdeu o peso de âncora. Foi o próprio Fischer que, na quinta 14, recomendou ao governo brasileiro que adotasse a flutuação da moeda. O conselho, diga-se, ganhava tons de exigência. Assim, foram posicionados, todos os pilares da arquitetura típica dos projetos econômicos do FMI. Não há mais desculpas. Efetivamente o vice-diretor Stanley Fischer perdeu seu manto de Cardeal Richelieu e com e seus técnicos passou a ser a equipe econômica do governo brasileiro.

Das mesmas tribunas que anteriormente foram ocupadas por Fischer no MIT, o professor Jeffrey Sachs diz que o Brasil é o último grande fracasso de uma série de cinco desastres administrados pelo Fundo desde 1997. Sachs foi piedoso. Caso tivesse considerado também anos anteriores, notaria uma fieira ainda maior de derrotas. Pegue-se a crise do México em 1994. As análises do Fundo consideram este como um bom exemplo de sua operação de salvamento. Omite-se que a avaliação da economia mexicana feita anteriormente ao estouro da crise pelos seus técnicos fora totalmente errada. Além disso, as medidas recessivas promoveram uma brutal desestabilização social. Por exemplo: os salários mexicanos continuam até hoje com valor um terço inferior aos anteriores a 1994. Esse arrocho quase provocou a queda do governo e – num subproduto que muitos consideram positivo, mas assustador – efetivamente acabou com o eterno reinado do Partido Revolucionário Institucional – o PRI. A empáfia dos técnicos do Fundo culpa apenas os governos dos países pelos problemas em que se encontram. Esquecem convenientemente que foi o FMI, incentivado pelo governo americano, que mais promoveu a globalização dos capitais. "O FMI é o aríete dos interesses dos Estados Unidos", reconheceu o ex-secretário de Comércio americano Mickey Kantor. A implantação do mercado financeiro global é parte dominante da agenda política americana, que o FMI incorporou. Os riscos, porém, devem ser compartilhados entre devedores e credores, como já disse o professor Fischer.

Osmar Freitas Jr., de Nova York

 

"Como pagar US$ 60 bilhões?"

Indiferente às urticárias que a palavra moratória costuma causar, o economista Celso Furtado afirma que ela não é sinônimo de bancarrota. Falando por telefone de seu apartamento de Paris, onde fica até o final do verão, Furtado fez seu dignóstico sobre a economia brasileira. "Estamos sendo mal governados", criticou, batendo no amigo e contemporâneo de Sorbonne, o presidente Fernando Henrique.

ISTOÉ – Como o sr. avalia a situação do Brasil?
Furtado – Estamos caminhando para uma moratória da dívida externa brasileira. Só este ano, o País terá de desembolsar US$ 60 bilhões em serviços da dívida. Como vamos conseguir este dinheiro se as fontes externas de recursos secaram?

ISTOÉ – Moratória não seria trágica?
Furtado – Estamos chegando a uma situação em que a moratória não é o pior dos mundos. Existem dois tipos: a catastrófica e a estudada. A primeira foi adotada pela Rússia, que esperou não ter mais nenhuma condição de pagar para adotá-la. No caso brasileiro, poderíamos decretá-la enquanto ainda temos dinheiro em caixa. Não podemos esquecer que a moratória não é a bancarrota, mas sim uma renegociação de condições e prazos de pagamento.

O samurai do BC

O novo presidente do Banco Central, Francisco Lopes, um mineiro de 53 anos, adora construir parábolas baseadas em hábitos e filosofias orientais. Uma delas compara o Plano Real ao filme Kagemusha, de Akira Kurosawa. A história narra o destino de um ladrão vulgar destacado para assumir as funções do príncipe Shingen Takeda, combalido soberano do Japão do século XVI. Kagemusha desempenhou bem a função, enquanto viveu nas montanhas obedecendo ao lema do verdadeiro príncipe: "Rápido como o vento, silencioso como a floresta, violento como o fogo e firme como a montanha." Mas quando a farsa foi descoberta, o clã dividiu-se, desceu para a planície e foi dizimado. O lema de Takeda transformou-se agora numa exigência para o samurai Chico Lopes.

Firme como uma montanha e paciente como um budista oriental, o novo presidente do BC já operou um milagre ao longo de seus quatro anos no governo. Conquistou o ministro da Saúde, José Serra, estrela de maior brilho na corte tucana, e seu arquiinimigo, o todo-poderoso ministro-chefe da Casa Civil, Clóvis Carvalho. E se impôs vencendo uma disputa violenta como o fogo contra o antecessor, Gustavo Franco, na qual assumiu a responsabilidade pelo içamento da âncora cambial. Agora, o novo oráculo do presidente Fernando Henrique Cardoso quer justificar sua determinação dogmática. "O guerreiro, quando tira a espada, tem de sujá-la, nem que seja com o próprio sangue. Senão, a espada perde a alma", ensinou durante a visita a Washington, no último fim de semana.

Chico Lopes é hoje muito diferente do jovem de 27 anos que se doutorou pela Universidade de Harvard, em 1972, e voltou ao Brasil preocupado apenas com desenvolvimento econômico e distribuição de renda. De combativo heteredoxo, transformou-se em monetarista convicto. Continua achando que o País precisa crescer, mas via ajuste fiscal e controle monetário. Homem de temperamento reservado, tem um hábito curioso. Vai inúmeras vezes ao banheiro de seu gabinete (no 20º andar da sede do banco). "Fica de frente para o espelho, molha a cara e os poucos fios de cabelo com água da pia, respira fundo e volta ao trabalho", conta um colaborador. Quando está só, fica em pé, contemplando pela janela o horizonte da capital federal. Parece um monge à procura do caminho rápido como o vento para baixar as taxas de juros.