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Moore: denúncias sérias feitas de forma pouco convencional

Para quem viu o filme Tiros em Columbine, Oscar de melhor documentário, vai ser fácil entender o clima do novo livro de Michael Moore, Cara, cadê o meu país? (W11 Editores, 276 págs., R$ 34), recheado de galhofas, críticas impiedosas, indignação. Moore, um americano antibelicista e anti todos os privilégios dados a minorias, escolheu o riso como principal gesto para provocar reflexões. Apesar da narrativa cômica e coloquial, o autor faz denúncias sérias e desvenda a desgraça que é ser, atualmente, alvo de ódio disseminado. Logo após os atentados de 11 de setembro de 2001, Moore parecia estar sozinho nas críticas a Bush e poderosas corporações americanas. Hoje, se sabe que ele era apenas um porta-voz corajoso.

Cara, cadê o meu país? está na lista dos mais vendidos do New York Times há meses. Mundo afora, o sucesso é o mesmo. “É assim que a democracia tem
de ser. Nós, o povo, na porra do comando”, escreve ele de forma pouco convencional. No risível artigo Aqui se faz, aqui se paga “transcreve” uma carta de Deus amaldiçoando Bush. Brincando, Moore fala o que muitos sentem – quietos. Acusa a imprensa de ser chapa-branca e afirma que os Estados Unidos – sempre tão orgulhosos de respeitar os direitos humanos – realizam “detenções secretas que dariam inveja a muitas republiquetas de banana”. A obra traz um prólogo especial para os “amigos brasileiros”. Só essas páginas justificariam a leitura. O resto também se mostra um bom investimento de tempo para quem quer entender para onde cambaleia a humanidade.