Fotos: Divulgação

Ziraldo: poesia e histórias de infância

Sediada mais uma vez no Centro de Exposição Imigrantes, na zona sul da capital, a 18ª edição da Bienal do Livro de São Paulo não traz grandes estrelas internacionais. Mas nem por isto teve o brilho da festa ou sua importância diminuída. Entre os convidados estrangeiros pontuam o irlandês Eoin Colfer, autor da série Artemis Fowl, o “rival” de Harry Potter; o australiano Nick Donell, que escreveu seu maior sucesso, Doze, aos 17 anos; e a portuguesa Margarida Rebelo Pinto, considerada a Helen Fielding, de Bridget Jones, de seu país. Eles foram escalados para debater com o público no Salão de Idéias, ao lado da nata dos autores brasileiros, de Nélida Piñon e Lya Luft a Carlos Heitor Cony e José Mindlin, passando por Marcelo Rubens Paiva, Zuenir Ventura e Ignácio de Loyola Brandão.

Ao todo somam-se 320 expositores representando as 530 editoras em atividade, com cerca de 830 selos. De olho nos dois mil lançamentos de um total de 150 mil títulos, está prevista a visita de mais de 600 mil pessoas, reflexo de um mercado que movimentou nada menos que R$ 2,2 bilhões em 2002, segundo dados fornecidos pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), realizadora do evento. Como vem se confirmando ano a ano, o público infantil é o alvo preferencial de parte das editoras, destacando-se autoras consagradas como Tatiana Belinky, Ana Maria Machado e Ruth Rocha. Além do “Mr. Bienal”, Ziraldo Alves Pinto, que este ano comparece com dois lançamentos. O livro de informática do menino maluquinho (Melhoramentos, 96 págs., R$ 21) traz mais uma aventura com o herói criado para a Bienal de 1980, que foi seguida por um lançamento a cada edição do evento, originando o apelido Mr. Bienal dado ao autor mineiro, dono de uma obra de 137 títulos. No outro lançamento, Os meninos morenos (Melhoramentos, 96 págs., R$ 21), Ziraldo fala de sua infância com o texto entremeado por poemas do guatemalteco Humberto Ak’Abal. “Desde o momento em que conheci Ak’Abal me identifiquei com seu modo de ver a infância, embora ele seja um poeta adulto.”

Fotos: Divulgação

COLFER: obra rival da série Harry Potter

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

Artista plástico, jornalista, cartunista e publicitário, do alto dos 6,6 milhões de exemplares vendidos o mineiro de Caratinga se assume autor infantil. E, no máximo, ilustrador de seu trabalho. “Se eu fiz de tudo um pouco e ganhei projeção por isso é só porque nasci antes e vivi em um período, o Brasil do pós-guerra, em que tudo precisava ser feito e havia espaço para se fazer qualquer coisa,” justifica o artista, que completa 72 anos em outubro. Conhecido por ter dito um dia que nunca falhara na cama – “uma inverdade”, segundo Ziraldo, que nega a autoria da frase, assumindo apenas a sua prática –, o mineiro prefere ser lembrado por outra frase, igualmente famosa: “Melhor e mais importante do que estudar é ler.” Ele faz jus ao apelido. “Posso não ser considerado formador de opinião na Bienal, mas tenho sido o maior formador de filas que eles já tiveram.” Mais um menino maluquinho que deu certo


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias