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Antunes: letrista mais à vontade e vocalista que galga novos degraus

Encontro sem compromisso de Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown, o grupo Tribalistas continua a dar seus frutos. Basta ouvir o ótimo Saiba, primeiro trabalho solo de Antunes desde o fenômeno musical surgido há dois anos. Além de abrir espaço para o violonista Cézar Mendes e o baixista Dadi Carvalho, presentes em Tribalistas, Arnaldo repetiu as parcerias com Marisa e Brown em três das 14 faixas. Marisa, que assina com ele Areia, casa a voz aguda com a rouquidão do parceiro na suave Grão de amor. Brown, percussionista em sete faixas, é co-autor e co-vocalista do afro-pancadão Elizabete no Chuí.

Até a sofisticada sonoridade eletro-acústica se repete agora, acenando para o peso de Antunes nas boas idéias musicais do projeto coletivo. Especulações à parte, Saiba se mostra um autêntico trabalho do ex-titã, que galga mais um degrau no seu duplo interesse pela MPB e pelos ritmos e sonoridades mestiços. Da simplicidade radiante de Saiba, que iguala todos no processo do nascer-crescer-morrer, à divagação do apaixonado presente na bossa enviesada Onde estavas, lugar?, Antunes se mostra um letrista à vontade, longe dos antigos experimentos concretistas. O vocalista gutural também avança por novas regiões, soando quase eletrônico em Cachimbo, de Edvaldo Santana e Osnofa, que redesenha com classe a estética do rap.