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Dor: os filhotes com até 12 dias de vida são o principal alvo

A gritaria dos ecologistas foi tão alta quanto inútil. Apesar das denúncias de maus-tratos, o Canadá retomou a temporada de caça às focas. Deu a 2.500 homens e a 150 barcos pesqueiros licença para matar. A estimativa é que sejam eliminados milhares de animais, no maior abate dos últimos 50 anos. O principal alvo são os filhotes antes dos 12 dias de vida, quando começam a trocar a penugem alva e macia. O governo canadense explica que a matança é necessária para proteger o estoque comercial de peixes, que diminui ano a ano.
E que as focas não estão ameaçadas de extinção. Os grupos internacionais de direitos animais reagem dizendo que a motivação econômica não se justifica. Além de ser uma crueldade.

A primeira etapa da caça deste ano começou em 22 de março e foi retomada na segunda-feira 12. Deve acabar em 15 de maio, ou quando se atingir a cota de 350 mil animais capturados. Os canadenses dizem que a maioria das focas é morta a tiros, e não a marretadas, como alegam as ONGs. Mais barulhenta entre elas, o Fundo Internacional para o Bem-Estar Animal – conhecido pela sigla em inglês Ifaw – monitora as caçadas todos os anos e costuma flagrar momentos ostensivos de perversidade. Já a Sociedade Humanitária dos EUA denuncia que os caçadores retalham a carne e retiram o couro enquanto os animais estão vivos. Para reduzir as queixas, o governo proibiu o uso de arpões e clavas, mas nem todos respeitam.

Nessa dor, as focas não estão sozinhas. Com sede em Londres, a Sociedade Mundial de Proteção Animal é apenas uma das organizações que denunciam a dolorosa matança de baleias, botos e golfinhos. Numa campanha global contra a caça às baleias, uma coalizão de 140 ONGs de cerca de 55 países, entre eles o Brasil, alega que há evidências de que não existe forma humanitária de matar uma baleia em alto-mar. Eles explicam que a técnica de captura dos cetáceos mudou pouco desde o século XIX. O método mais comum de abate é o arpão com granada na ponta. Lançado de um canhão, o explosivo só é detonado após penetrar no corpo do animal. Em média, uma baleia leva dois minutos para morrer. Sabe-se, porém, que algumas sofrem mais de uma hora, em profunda agonia.