ADEUS Ele diz que parou por não ter mais condições físicas

Em um anúncio surpreendente como os rápidos dribles nos momentos áureos, o atacante Romário oficializou sua aposentadoria dos gramados na segunda-feira 14, em um restaurante no Rio de Janeiro. “Parei. Minha fase passou. Oficialmente, não jogo mais”, afirmou, durante o lançamento do DVD Romário é gol, com imagens de centenas dos tentos que marcou. “Paro porque não tenho mais condições físicas. Não dá mais”, reconheceu o Baixinho.

Ao pendurar as chuteiras, Romário coloca um ponto final nas discussões sobre a utilidade de um jogador de 42 anos atuar no futebol praticado nos dias de hoje, baseado na força física. Já não era sem tempo. A polêmica era pequena demais para o tamanho da história do atacante de 1,69 metro, que deve ser alçado agora ao devido lugar no panteão dos maiores craques de todos os tempos. “Romário foi o melhor centroavante dentre os que vi jogar, maior até que Ronaldo. O Baixinho foi mais sedutor em campo, mais genial e imprevisível”, analisa o cronista esportivo e médico Eduardo Gonçalves de Andrade, o Tostão, que com a camisa 9 da Seleção Brasileira foi um dos destaques da conquista do tricampeonato na Copa do México, em 1970. “O que mais me fascina é que ele parece nunca ter se esforçado muito para fazer tudo o que fez.”

Herói da conquista da Copa de 1994, ano em que também foi eleito o melhor jogador do mundo pela Fifa, Romário marcou 1.002 gols (incluindo os dos tempos de amador), 72 deles com a camisa Seleção Brasileira. Foi artilheiro dos campeonatos carioca (sete vezes), holandês, espanhol e brasileiro (duas vezes), das copas do Brasil (duas vezes), Mercosul e dos Campeões da Europa, além do torneio Rio-São Paulo. Ao longo dos 22 anos de carreira como profissional, vestiu a camisa de nove clubes: Vasco, Flamengo e Fluminense (Brasil), PSV (Holanda), Barcelona e Valencia (Espanha), Al Saad (Catar), Miami (EUA) e Adelaide (Austrália).

Embora o passado de Romário indique que uma recaída é possível, o pai do craque garante que a aposentadoria é irrevogável. “Desta vez, ele me disse que é para valer. Agora meu filho só joga as peladinhas com os amigos”, diz Edevair de Souza Faria. Resta saber qual será a próxima jogada do Baixinho fora dos campos. O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, disse que conta com ele no grupo que participará da organização da Copa de 2014, no Brasil. “Viram? Já arrumei um novo trabalho!”, comemorou, com bom humor, arrancando gargalhadas dos presentes ao lançamento do DVD.

ISTO É ROMÁRIO

Para reproduzir todas as declarações polêmicas do atacante ao longo da carreira seria necessário um livro. Abaixo, algumas das mais famosas

“Agora toda a corte está feliz. O rei, o príncipe e o bobo”
(Em 2000, respondendo a Edmundo, que dissera que Romário era o “príncipe” do “rei” Eurico Miranda, presidente do Vasco, clube onde jogavam)

“O Pelé calado é um poeta”
(Em 2005, numa resposta a Pelé, que declarou que Romário deveria encerrar a carreira)

“Quando eu nasci, o Papai do Céu apontou o dedo e falou: esse é o cara”
(Dita e repetida diversas vezes ao longo da carreira)

“É bom ele se preocupar com a casa dele. Está dando ladrão lá…”
(Provocando o atacante Túlio, com quem disputava a artilharia do campeonato carioca de 1995)

“Quando durmo muito, não faço gols, por isso gosto de ficar na noite”
(Em 2005, aos 39 anos, para justificar suas noitadas antes dos dias de jogos importante