ADRIANA FRANCIOSI/RBS

RETORNO Fogaça foi para o PPS, mas voltou ao PMDB

Em 2004, os partidos que fazem oposição ao governo Lula elegeram quase a metade dos prefeitos das 100 principais cidades brasileiras. Foram 47 e a maior parte, 21 deles, do PSDB. Hoje, apenas 25 desses prefeitos permanecem na oposição. No PSDB, 18. Os demais migraram para algum partido da base governista ou, no caso do PDT, foi o partido que mudou de posição e aderiu ao governo. O levantamento, feito pelo jornal Folha de S. Paulo, demonstra que os partidos oposicionistas deixaram de governar, ao longo dos últimos quatro anos, nada menos que 14,4 milhões de pessoas. Esse adesismo é um duro reflexo do poder do governo central. Não é fácil administrar uma cidade pertencendo a um partido de oposição num país no qual o governo federal fica com quase 60% do total da arrecadação tributária, os Estados com 25% e as cidades apenas com pouco mais de 16%.

Entre os prefeitos de capitais que poderão concorrer à reeleição este ano, cinco mudaram de partido. Todos eles migraram para partidos da base de sustentação de Lula, principalmente o PMDB, que ganhou três deles. José Fogaça, prefeito de Porto Alegre, deixou o PPS e voltou para o PMDB, partido do qual já foi, inclusive, presidente nacional. Dário Berger, eleito pelo PSDB para a Prefeitura de Florianópolis, também migrou para o PMDB. Outro que se tornou peemedebista foi o ex-pedetista João Henrique Carneiro, prefeito de Salvador. Quando ele se elegeu, o PDT era um partido de oposição ao governo federal. O PDT perdeu ainda Cícero Almeida, prefeito de Maceió, que primeiro migrou para o PTB e depois para o PP. O PPS ficou também sem Iradilson Sampaio, prefeito de Boa Vista, que foi para o PSB.

Os prefeitos alegam motivações locais para as trocas de partido. Fogaça, por exemplo, lembra que toda a sua história política sempre esteve ligada ao PMDB. A saída para o PPS é que foi fruto de uma briga com os peemedebistas gaúchos no passado, antes da sua eleição para prefeito, na definição da escolha de candidatos a senador. “Até admito que possa haver troca motivada por adesismo ao governo, mas não é o meu caso. Não era maltratado quando pertencia ao PPS”, diz ele.

Para o presidente do PPS, Roberto Freire, porém, a vinculação entre a dependência do poder central e as trocas partidárias é evidente. “A centralização e o dinheiro na mão do poder central são imensos, tanto os Estados como os municípios são muito dependentes, e isso exerce uma pressão muito grande sobre os políticos para que venham a aderir ao governo”, considera ele.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

É uma repetição do fenômeno que se verifica no Congresso, com deputados e senadores. Em busca de maior acesso às verbas do Orçamento, os parlamentares abandonam também as legendas oposicionistas. É o que motivou a consulta que no ano passado o PPS, o PSDB e o DEM fizeram ao Tribunal Superior Eleitoral sobre a legitimidade do troca-troca. O TSE considerou que os mandatos pertencem aos partidos, e não aos políticos. E que, portanto, na hipótese da troca, os partidos têm o direito de buscar na Justiça reaver o que perderam. No caso dos cinco prefeitos de capitais que tentarão a reeleição, a tendência é que seus partidos de origem não os importunem na Justiça.

FERNANDO AMORIM/AG. A TARDE

TODOS NO PMDB O prefeito de Salvador, João Carneiro (acima), deixou o PDT e o de Florianópolis, Dário Berger, abandonou o PSDB

 


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias