A burrada de Bush ao invadir o Iraque pode custar-lhe a reeleição. Caíram por terra, junto com sua credibilidade, as desculpas iniciais de que a invasão se justificava pela existência de armas de destruição em massa em território iraquiano. Até Colin Powell, seu secretário de Estado, ao depor na Comissão do Congresso sobre o 11 de Setembro que investiga os ataques terroristas aos Estados Unidos, assumiu a inexistência das tais armas e jogou a culpa na má informação da CIA. Enquanto isso, a ocupação americana já se aproxima dos 400 dias e a sua rejeição pela população invadida aumenta.

Os iraquianos que festejaram a prisão do ex-ditador Saddam Hussein hoje atiram pedras, balas e granadas nas tropas aliadas. E a reação americana só faz piorar a situação. Na quarta-feira 7, por exemplo, um helicóptero disparou três mísseis contra uma mesquita em Fallujá e matou 40 iraquianos que rezavam, entre eles mulheres e crianças. A barbaridade fazia parte de uma expedição punitiva para vingar a morte de 12 marines, ocorrida em sua base, no povoado de Ramadi.

Os corpos serão enviados de volta aos Estados Unidos dentro de sacos plásticos, como o da foto desta página. Em inglês, body bags, o mesmo triste e macabro meio de transporte de corpos de soldados usado no Vietnã e cuja sistemática divulgação pela imprensa foi crucial para virar a opinião pública contra a presença de tropas americanas no Sudeste asiático. Mais ou menos como está acontecendo agora. E Bush vem tentando tudo para desviar a atenção da opinião pública americana da tragédia iraquiana e, assim, interromper o crescimento do democrata John Kerry. Até mesmo acusar o Brasil de fazer parte do que restou do “eixo do mal” – Irã e Coréia do Norte – por não permitir inspeções mais detalhadas de suas instalações nucleares.


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