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Gwyneth e Craig: casamento tumultuado que terminou em suicídio

A neozelandesa Christine Jeffs soube se desvencilhar das armadilhas das cinebiografias. Em Sylvia – paixão além das palavras (Sylvia, Inglaterra, 2003) – em cartaz no Rio de Janeiro e em São Paulo –, que conta a história da poeta americana Sylvia Plath (1932-1963), a diretora se saiu bem porque, em vez de tentar devassar a alma torturada daquela que cometeu suicídio aos 30 anos, preferiu focá-la na matéria bruta do seu cotidiano, identificando aí as forças que a sufocavam em vida.

Virou lugar-comum atribuir a morte prematura da poeta – vivida nas telas com extrema sensibilidade por Gwyneth Paltrow – ao conturbado relacionamento com o poeta inglês Ted Hughes (Daniel Craig), com quem teve dois filhos. Mas, se a decisão de se matar aconteceu depois de o adúltero Hughes se recusara voltar para ela, é bem verdade que os impulsos destrutivos da personagem eram antigos. Num dos bons momentos do filme, ao responder ao marido a origem de uma cicatriz, a poeta parodia Lady Macbeth, se autodenominando Lady Lazarus, a que sobreviveu a várias mortes.

Lady Lazarus, aliás, é o nome de um de seus poemas mais célebres, no qual afirma que, assim como escrever, morrer é uma arte. A fita também toca em aspectos curiosos da personalidade de Sylvia. Por exemplo, quando não se sentia inspirada para criar rimas, fazia bolos. Christine Jeffs encontrou na atividade doméstica um ótimo comentário das contradições vividas pela pré-feminista, que no dia 11 de fevereiro de 1963 enfiou a cabeça no forno do fogão e encheu os pulmões de gás.