Sedução: os felinos são idolatrados por seus donos. Stravinski compunha enquanto o seu saltava nas teclas

Um achado arqueológico na ilha mediterrânea de Cyprus traz evidências de que o gato é amado pelo homem há mais de nove mil anos. Um bichano, seu dono e muitas oferendas foram enterrados juntos, o que indica que o animal já fazia parte da família nesta época. A informação, divulgada na revista americana Science, no dia 9, reformula a idéia de que foram os egípcios os primeiros a domesticar os bichinhos há cerca de quatro mil anos. Seja lá qual povo tenha estreitado relações com esses seres peludos e cheios de manha, o fato é que o gosto por eles é cada vez mais presente. Tanto que vários “gateiros” se uniram para homenageá-los no livro Amando os gatos com todas as letras (Multimeios, 102 págs., R$ 30).

Garcilazo Tadeu de la Veja y Aragon, um gato “todo pimpão” – segundo ele mesmo – é um dos 18 autores do livro, que chega essa semana a lojas de todo o Brasil. Em sua casa, mora um humano a quem ele adotou e até permite regalias: Aguinaldo Silva, autor de novelas da Rede Globo, que optou por dar ao companheiro o papel de narrador no artigo O amigo final. O escritor Ferreira Gullar apresenta dois poemas e o jornalista Múcio Bezerra assina um conto policial, enquanto a escritora Sônia Hirsch chancela um conselho de Aldoux Huxley em sua crônica Gatos: “Se você quiser escrever sobre seres humanos, o melhor que tem a fazer é manter um par de gatos.” Mas quem se espalha mesmo é o tradutor e ensaísta Marco Lucchesi, que mostra o seu encanto em sete páginas utilizando o poema de The naming of cats, de T.S. Eliot, e um outro, sem nome, da médica Nise da Silveira, outra apaixonada que chegou a alugar um apartamento só para instalar seus quase 30 gatos.

A obra é um deleite para quem se derrete por felinos e até para quem não se sensibiliza tanto com seres de quatro patas. Traz curiosidades sobre gente famosa, como o compositor Igor Stravinski, que compunha enquanto seu gato saltava nas teclas, e Leonardo da Vinci, que considerava o gato “o mais belo ser da natureza”. Uma história emocionante é a do ator Cláudio Cavalcanti, que fala sobre uma gatinha inesquecível. Ele e a mulher, a atriz e defensora pública de animais, Maria Lúcia Frota, a viram perdida em um estacionamento, se apaixonaram instantaneamente, mas depois a perderam. Citando um soneto de Vinícius, ele se derrama dizendo “hei de lembrar-te sempre com ternura”.

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