Com suas criações, os desenvolvedores de equipamentos tecnológicos já entraram pelas portas de nossas casas, escritórios e carros. Agora, investem pesado para se apoderar da mais íntima de nossas chaves, a do guarda-roupa. Para muitos deles, o futuro da tecnologia passa por dispositivos cada vez mais grudados à pele do usuário. Apostam que relógios, óculos e camisetas irão ocupar o espaço hoje dominado por tablets e smartphones.

A estratégia seduziu as gigantes da tecnologia. Um dos lançamentos mais aguardados nessa área é o Google Glass, os óculos de realidade aumentada da empresa de internet. A ideia do aparelho é levar a tela do smartphone diretamente aos olhos, permitindo que o usuário fotografe, grave vídeos, leia mensagens e pesquise, tudo por comando de voz. A inspiração vem dos anos 1980, quando o pesquisador Steve Mann, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), fazia experimentos com um trambolho em forma de óculos de realidade aumentada ligado a um computador. “Ele não fazia nem metade do que o Google Glass faz, mas o conceito é o mesmo”, diz o designer de interfaces digitais Leandro Sampaio, pesquisador da chamada computação vestível.

Outras grandes empresas também despertaram para a tendência. A Nike lançou a FuelBand, pulseira conectada ao smartphone que rastreia os hábitos de atividade física. A Sony criou seu relógio “smart”, o LiveView, que mostra atualizações de redes sociais na telinha. Por último, mas não menos importante, o mundo aguarda o iWatch, relógio da Apple que estaria sendo desenvolvido em segredo e reuniria atributos de outros dispositivos feitos pela empresa.

Os números mostram que, para os fabricantes, é um grande negócio entrar nessa corrida. Segundo levantamento da consultoria britânica Juniper Research, o mercado de tecnologia vestível movimentará US$ 800 milhões neste ano no mundo. E irá quase dobrar em 2014, chegando a US$ 1,5 bilhão. A empresa de pesquisas IMS Research corrobora o otimismo e afirma que essa cifra deve alcançar US$ 6 bilhões até 2016, ano em que, estima-se, serão vendidos 92 milhões de aparelhos com tecnologia vestível.

Para que essas pequenas maravilhas se popularizem, no entanto, é preciso superar alguns obstáculos. Um é a proteção de dados, já que todas as máquinas coletam e fazem transitar informações pessoais dos usuários. Outra barreira é a infraestrutura: é preciso ter internet e Wi-Fi por todos os lados. Com a oferta precária de redes e velocidade insatisfatória de transmissão de dados, em vez de produtos avançados são os nervos que ficam à flor da pele do consumidor brasileiro.

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