Confira o trailer:

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AMOR PROIBIDO
Aaron Johnson e Keira Knightley em "Anna Karenina":
paixão sob o clima de decadência do czarismo russo

Ao relacionar sexualidade e culpa a escritora irlandesa Anne Enright escreveu que “o amor é a punição para o desejo”. Essa definição poderia servir de epígrafe para “Anna Karenina”, o romance clássico de Liev Tolstói que agora ganha mais uma adaptação para o cinema, com estreia na sexta-feira 15. Cairia também como uma luva para a trajetória de Emma Bovary, a heroína criada por Gustave Flaubert, igualmente revivida em produção inédita prevista para chegar às telas no segundo semestre. Protagonistas e vítimas da ânsia pelo prazer, tais personagens do passado exercem ainda um grande fascínio, e não apenas porque são grandes criações literárias: elas sintetizam dilemas que ainda incomodam mulheres, homens e, por extensão, a sociedade atual.

Trazendo as belas feições de Keira Knightley, Anna é casada com um aristocrata (Jude Law), pertencente à nobreza russa do século XIX. Ela se apaixona por um conde (Aaron Johnson) e, ao ter o divórcio recusado pelo marido, foge com o amante, deixando para trás o filho. Moralmente condenada, não encontra apoio no novo parceiro. Não é diferente o que acontece com Emma Bovary, agora interpretada por Mia Wasiskowska. Seus casos extraconjugais, mesmo fictícios, causaram alvoroço no público em 1857 e levou Flaubert ao banco de réus. Fruto da imaginação masculina, essas mulheres infiéis não tinham apenas um comportamento escandaloso – suas posturas diante da opressão das classes sociais às quais estavam inseridas eram um sintoma do colapso político e social.

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FRUFRUS
Keira Knightley no papel de "Anna Karenina":
Oscar de melhor figurino

Anna Karenina viveu no estertor da Rússia czarista e o seu desejo por liberdade terminou em autopunição ao se atirar em um trem em movimento. “Ela é o maior símbolo possível de nosso poder de amar. Mais do que uma personagem, é um princípio, uma sociedade, uma civilização”, escreveu o crítico literário Alfred Kazin ao analisar o romance de Tolstói, adaptado agora pelo dramaturgo Tom Stoppard, que transpôs a ação para o interior de um teatro. Destino igualmente trágico teve Emma Bovary, que tomou cicuta para pôr fim à sua busca por prazer e amor. É mais um exemplo de que não são apenas os frufrus e espartilhos que atraem nessas histórias, apesar de “Anna Karenina” ter ganhado o Oscar de melhor figurino. Segundo o psicanalista Jorge Forbes, esses enredos trágicos fascinam por tratar do amor em um contexto social. Anna rompe com a acomodação aristocrática; Emma, com a burguesa. “São duas faces da mesma moeda, ir além das convenções, questão muito importante na pós-modernidade. Hoje, no Ocidente, não se morre mais por grandes causas como pátria, revolução ou religião, mas por amor”, diz Forbes.

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