Sala de espera – Carlito Carvalhosa/ Museu de Arte Contemporânea de São Paulo (MAC-USP)/ de 9/3 a setembro

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CORREDEIRAS
Instalação de Carvalhosa evoca florestas de postes de luz

Sites especializados apontam que o corte do eucalipto para industrialização ocorre normalmente aos 7 anos de idade da árvore. Depois, as árvores que são transformadas em postes de iluminação pública têm um tempo de vida útil como mobiliário urbano que pode superar os 25 ou 30 anos. Após terem esgotado seu ciclo tanto como floresta quanto como mobiliário, cerca de 70 desses troncos de árvore foram resgatados do lixo pelo artista Carlito Carvalhosa, para integrar um novo ciclo e um novo uso na instalação “Sala de Espera”.

Com esse trabalho, o artista busca provocar uma reflexão sobre “como as coisas se transformam quando damos um nome a elas”. Dentro desse raciocínio proposto pelo artista, vislumbramos a história desses objetos que ocupam – em equilíbrio tênue – o anexo do novo edifício do Museu de Arte Contemporânea de São Paulo (MAC-USP). Ao atravessá-lo, descobrimos sinais da vida efêmera das florestas de eucaliptos e testemunhamos os vestígios de sua conversão em cultura. Mas e agora, quando essa matéria já não é árvore, nem poste? “A arte é um lugar onde os objetos perdem sua utilidade, portanto é um não lugar”, sugere Carvalhosa.

É nessa condição de matéria em suspensão que os 70 troncos se distribuem nos dois mil metros quadrados do espaço monumental projetado por Oscar Niemeyer. “Pensei em enfrentar este lugar trazendo aqui para dentro uma outra natureza”, continua ele. “Gosto de utilizar materiais que são comuns, que nos acompanham no nosso dia a dia.” Além da memória dos postes e das árvores, Carvalhosa nos apresenta em “Sala de Espera” a familiaridade dramática das paisagens urbanas castigadas pelas chuvas de verão. A memória dos alagamentos também é evocada no mezanino do museu, onde Mauro Restiffe inaugura a mostra “Obra”, com fotografias do processo de reforma do MAC-USP.

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